Mãe acusa racismo em livro didático 

Exercício coloca a imagem de uma pessoa negra com profissão de faxineira

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Por Ludimila Honorato
Atualização:
Exercício de livro didático é acusado de conter racismo Foto: Facebook / @aline.lopes.568

Aline Lopes é mãe de duas crianças negras, uma menina de cinco anos e um menino de três. No último dia 28, ela publicou em seu perfil no Facebook um exercício do livro utilizado pela escola particular em que o filho estuda, em Pernambuco. Segundo ela, a atividade seria racista.

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A tarefa de casa, que está no livro da editora Formando Cidadãos, propõe que o estudante ligue três pessoas a suas respectivas profissões dentro da escola. O exercício, porém, induz à 'resposta correta': enquanto a imagem de um homem negro segurando uma vassoura é direcionado para um corredor em que se vê um balde e outro item de limpeza, duas mulheres brancas são conduzidas a uma sala de aula e a uma espécie de escritório com armário e computador.

Na publicação, Aline diz "Tarefa de casa de Nauã, 3 anos de idade. Encontre o erro". O post teve mais de 460 compartilhamentos e 200 comentários, alguns de apoio e outros criticando e dizendo que não há racismo.

Horas mais tarde, a mãe fez um relato em que diz que, como mulher branca, nunca se sentiu excluída ou socialmente privada de qualquer coisa pela cor de sua pele. Porém, começou a passar por situações assim dentro da própria casa depois que os filhos nasceram.

"Já teve professora que prendia o black da minha filha na escola. Já teve coleguinha discriminando, mesmo sem entender direito o porquê. Agora teve livro perpetuando o negro sempre na pior representação possível. O negro triste. Feio. Servente", escreveu.

Aline ressalta que não há demérito em ser servente, mas, segundo ela, "esse é o lugar que sempre cabe ao negro". "Minhas crianças precisam aprender que elas podem e devem ocupar todos os espaços", declara.

Uma semana antes do relato de Aline, a editora do livro publicou em sua página no Facebook uma nota em que diz repudiar qualquer tipo de intolerância ou preconceito e faz referência a um exercício. Em entrevista ao E+, o gerente administrativo da editora, Paulo André Cavalcante Leite, explicou que a publicação foi anterior porque escolas já haviam entrado em contado com eles para dizer que mensagens similares estavam circulando pelas redes.

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"Mas os clientes entraram em contato dando apoio, dizendo que não havia racismo nas imagens. Até porque, o produto está no mercado há quatro anos e nunca houve isso", conta Leite. Ele diz que a mãe se baseou em apenas uma imagem e que o material contém outras em que o negro é representado em outras profissões, como engenheiro, professor e médico. Para 2018, a editora afirma que a coleção será reformulada.

Confira abaixo o desabafo da mãe e o posicionamento da editora:

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