Fãs enfrentam frio e chuva para serem os primeiros da fila em show do Fifth Harmony

Primeiros a montarem acampamento em frente ao Espaço das Américas chegaram dia 26 de abril

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Por Anita Efraim
Atualização:
Ana Carolina chegou na fila no dia 27 de abril e já dormiu um mês seguido no acampamento Foto: Gabriela Biló/ Estadão

O show da banda Fifth Harmony será realizado, em São Paulo, no dia 5 de julho. Mas, para aproximadamente 120 pessoas, é um evento muito maior que já começou: um grupo de jovens está acampado na frente do Espaço das Américas, onde será a apresentação das vencedoras do X Factor norte-americano. 

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O acampamento se divide em três barracas, que ficam do outro lado da rua da casa de shows: B1, a primeira a chegar, B2, que se instalou no dia seguinte, e B3, chegada mais recentemente ao local. As duas primeiras têm, aproximadamente, 45 ocupantes que se revezam para dormirem lá, enquanto a terceira conta com 30 fãs. 

Os primeiros Harmonizers (como são chamados os fãs da banda) a chegarem no Espaço das Américas foram com sua barraca no dia 26 de abril, antes mesmo de o local oficial do show ser anunciado. 

Karen Giulia, membro da B1, conta que, quando o show foi anunciado, o grupo se dividiu em três possíveis locais de apresentação. No dia 27, todo o grupo integrante da primeira barraca foi para frente da casa de shows. "Quando falaram que seria no Espaço das Américas todo mundo veio pra cá. Mesmo sem saber o local, a data", afirma a estudante.

A segunda barraca (B1) chegou quando o anúncio oficial foi feito, no dia seguinte. Ana Carolina, da B2, relembra que, no início, havia uma rixa entre os primeiros e os segundos a chegarem. "No começo era meio que uma disputa, eles (B1) chegaram no dia 26 e eu cheguei no dia 27. Aí foi meio que uma briga para ver quem seriam os primeiros. Eu vim logo que saiu o local do show, e eles já estavam aqui antes. Mas agora estamos todos juntos", diz Ana.

O acampamento funciona em forma de rodízio. A cada noite, poucas pessoas dormem do outro lado da rua do Espaço das Américas - seria difícil acomodar 45 pessoas dentro de uma barraca pequena. Apenas uma pessoa dorme todos os dias na barraca: Marina Romeiro, de 19 anos, que é de Araraquara e veio para São Paulo para ficar na fila. 

"Todo dia eu durmo aqui, só saio para tomar banho na casa dela", relata e aponta para outra menina, que virou amiga da fila. Marina está na fila há pouco mais de um mês, desde o dia 13 de maio; 

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Higiene. Como grande parte dos Harmonizers que estão na fila não ficam 100% do tempo no acampamento, tomam banho em casa. Mas, quando ficam no Espaço das Américas, há duas opções de banheiros para usarem: no metrô e em um supermercado 24 horas, que também é onde eles compram comida. 

Chuva e frio. As baixas temperaturas em São Paulo não impede que os fãs passem as noites nas barracas. Em entrevista aoE+, Marina, que sempre dorme no acampamento, diz que, o único jeito é usar muitos cobertores, trazidos das casas dos companheiros de fila. 

"Tá demais [o frio], mas outro dia a gente fez uma fogueira pra esquentar, deu uma aliviada", diz Ana Carolina, que já chegou a dormir mais de um mês seguido em sua barraca. 

Na semana em que chuvas fortíssimas caíram na cidade, os acampantes puseram uma lona embaixo das barracas para que estas não alagassem. Ainda assim, foi difícil evitar estragos. "Deu bastante prejuízo, estragou muita coisa, mas agora já está tudo voltando ao normal", relata Ana Carolina. 

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"Eu olhei para trás e vi uma lona amarela passando, e perguntei se era a nossa barraca, mas todo mundo disse que não. Depois, passou outro morador de rua com mais barracas e eu falei 'é nossa barraca sim', e todo mundo saiu correndo gritando, pedindo para eles pararem, mas um deles saiu correndo", relembra Karen. Com ajuda do segurança da casa de shows, o grupo conseguiu parar um dos homens que levaram a barraca e pediu para que devolvesse. 

"Ele disse que achava que as barracas estavam abandonadas. Depois, o outro voltou e devolveu também e falou para que, quando fôssemos embora, para deixarmos para eles, porque eles precisam", diz. "Mas foi massa esse assalto, eu ri demais", finaliza Karen.

Depois do episódio, eles combinaram que deixariam tudo. "Já avisamos para um deles passar aqui no dia 4, um dia antes do show, para entregarmos tudo para eles, como cobertor e colchão", afirma Ana Carolina. 

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Julgamento. Para os Harmonizers, uma das partes mais incômodas do acampamento é o julgamento de quem vê a situação de fora. "O pessoal não sabe que fazemos rodízio. As pessoas trabalham, estudam, têm uma vida, uma família, saímos com os amigos, não é 24 horas por dia aqui. Tem gente que não entende isso, acha que é simplesmente vagabundiar na rua, sendo que não é isso, temos uma vida fora do acampamento", diz a estudante Nicole Fraga. 

Catherine Duarte complementa: "eles passam aqui julgando a gente, mas eles tem de pensar que a gente se reveza, que é um rodízio com várias pessoas. Antes de julgar, precisa saber a história de cada um", desabafa e explica que cada um tem um horário para ficar em frente ao Espaço das Américas, que, quando têm compromissos, como estudar e trabalhar, eles deixam o acampamento.

Amizades e relação com os pais. A maioria dos fãs que estão na fila não se conheciam antes de chegar lá, mas criaram grandes amizades. Eles se ajudam, levam comida e cobertores de casa e até ajudam com dinheiro. Para Karen Giulia, o acampamento já deixou de ser apenas sobre Fifth Harmony. "Não é só sobre elas, é sobre conhecer pessoas novas, fazer amizades", afirma. 

Marcelo Teles define o grupo é como uma família, mas, para ele, não é tão simples fazer parte disso. A mãe não apoia a decisão do filho e considera uma loucura, enquanto seu pai nem mesmo sabe que ele faz parte do acampamento. "Ela acha loucura eu estar aqui esse tempo todo apenas por umas meninas, então, ela não apoia tanto. Mas, é aquele ditado: 'vamos fazer o quê?'" 

A mãe de Catherine faz restrição a participação da filha e impede que ela durma lá. Outros fãs precisam negociar com os pais: se quiserem ficar na fila, devem continuar com suas tarefas do dia a dia. 

Por outro lado, a mãe de Ana Carolina não se importa com a dedicação da filha a ser a primeira a entrar no show: "É uma loucura, mas ela também já foi fã, ela sabe como é".

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