Conheça Isaiah Acosta, o rapaz mudo que virou rapper e deu lição de autoestima e superação

'Eu poderia ter morrido, mas estou aqui': jovem sem mandíbula faz sucesso no hip-hop e ajuda crianças com deficiências em ONG que salvou sua vida

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Por Caio Nascimento
Atualização:
Isaiah Acosta nasceu sem a mandíbula e faz sucesso no mundo da música com suas letras e determinação. Foto: Instagram / @xvx_6

Não há limites quando o assunto é superar desafios pessoais, independentemente do quão difícil eles possam ser. Foi o que mostrou o norte-americano Isaiah Acosta, de Arizona, nos Estados Unidos, que se tornou um rapper mesmo não podendo cantar.

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Ele nasceu sem a mandíbula e passagens de oxigênio, o que o faz usar uma entrada de ar no pescoço desde o seu nascimento. O jovem, de 18 anos, sonhava em ser músico desde pequeno, mas era desacreditado devido às suas limitações físicas.

"Algumas pessoas diziam que eu não poderia ser do rap por eu não falar, mesmo esse sendo o meu maior sonho", recorda. No entanto, o talento do rapaz se sobrepôs à sua deficiência e ele começou a escrever suas próprias canções. "Alguns achavam que eu não deveria sequer segurar o microfone por não usá-lo. Mas, isso é [simbolicamente] importante para mim, porque eu tenho minhas próprias letras", completa.

Isaiah encontrou sua voz no rapper Trap House (Boca de Fumo, em tradução livre). O músico topou ajudar o jovem depois de conhecê-lo na Children's Miracle Network Hospitals, uma ONG que arrecada fundos para hospitais infantis, pesquisas médicas e conscientiza as pessoas sobre os problemas de saúde na infância. "Essa instituição me ajudou a permanecer vivo ao longo da minha vida e a alcançar o meu sonho, depois que eu compartilhei minha história com eles", explica Acosta, que também é voluntário.

Isaiah encoraja e inspira pessoas que também nasceram sem mandíbula. Na foto, ele está ao lado do pequenoJoshua. Foto: Instagram / @xvx_6

A primeira canção lançada pela dupla foi a Oxygen To Fly, que conta um pouco sobre a superação de Isaiah. "Cada palavra que escrevi neste trabalho foi algo que eu passei na vida e como me senti", afirma. Assim, o adolescente doou por vontade própria a música para a Children's Miracle Network, e os ganhos financeiros dela foram usados para salvar vidas como a dele. Ouça abaixo.

Na canção, o rapaz bate de frente com o bullying e ressalta a sua força em superar as adversidades por meio da arte:

Eu não me importo com o que as pessoas pensam sobre mim

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Estou orgulhoso e honrado que elas cuidam de mim

Minha mandíbula se foi, mas eu me amo

Como um leão ama a sua família

(...)

Apenas me aceite por minhas diferenças

Todo mundo vai ouvir minha voz

Serei um orador para as pessoas, um herói

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Vou liderar a nação, espero curá-los

Encontrei um valentão e eu bati nele,

porque minha liberdade por meio das palavras no papel o alcançou

Eu poderia ter morrido, mas eu estou aqui

Eu poderia ter chorado, mas eu ainda estou aqui

Acosta quer seguir carreira no rap e continuar ajudando crianças na ONG que salvou sua vida, mas tem vontade de auxiliar pessoas sem-teto e cursar Administração. Ele sonha, também, em dar palestras, por meio de um software que reproduz voz, para contar sua história de vida e encorajar pessoas a seguirem os próprios sonhos.

Além disso, o rapper prefere ressignificar as suas limitações e usá-las ao seu favor. "Não ter voz é uma porta incrível que eu sinto que abri para mim. Isso não me limita. Queria que o país [Estados Unidos] ouvisse minhas palavras e eu consegui. Ainda não consigo acreditar nisso", reflete o jovem artista, que antecipou ao E+ que vai participar de um quadro especial do Discovery Channel no final deste ano.

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Para manter a rotina de artista, Isaiah conta que sua saúde está sempre em primeiro lugar. "Preciso estar saudável para dar o meu melhor. Eu escrevo sempre que me aparece algo em mente. O Trap House está sempre preparado para subirmos ao palco. Eu consigo sentir a energia da multidão", diz.

A Children's Miracle Network fez um minidocumentário de seis minutos para mostrar a vida do rapaz. Assista.

*Estagiário sob a supervisão de Charlise Morais

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