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Comentário ofensivo no Facebook faz mulher ser condenada no Rio de Janeiro

Advogada Ravena Zanon foi chamada de 'bêbada' e criticada por 'dar vexame' nas ruas; sem apoio de amigos ou pais, levou ação à Justiça e venceu o caso

Por Felipe Saturnino
Atualização:
Ravena listou dono e garçom de bar como testemunhas para desmentirem as acusações feitas a ela no comentário ofensivo na rede, Foto: Ravena Zanon / Arquivo Pessoal

Um comentário no Facebook resultou, no dia 7 de novembro, em condenação judicial imposta pelo Juizado Especial Adjunto Criminal da Comarca da cidade de Bom Jesus do Itabapoana, localizada no norte do Rio de Janeiro.

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A advogada Ravena Zanon, de 26 anos, foi alvo de um comentário ofensivo no rede. Tudo ocorreu após ela mesma se posicionar contra uma postagem na rede social direcionada a Emily, então uma das participantes do reality Big Brother Brasil.

“Ainda sai de vítima… Ataaaa”, dizia a publicação feita em 10 de abril, dia em que o Marcos Harter, então namorado da sister, foi expulso do programa por “indícios de agressão” contra ela. Ravena publicou apenas uma foto de Lady Gaga chorando para comentar a postagem. Perguntada sobre o que significava a imagem, ela escreveu: “Tô triste de ter que ler esse post. Só isso.”

Logo depois, uma mulher da cidade criticou Ravena sobre supostas atitudes questionáveis. “Eu já vi pessoas ridículas nessa vida, mas vou te falar, essa menina ganha disparado! Se mete em tudo, se acha a gostosa, vive bêbada nessa rua dando vexame!”, escreveu a mulher. 

Ravena, então, decidiu agir para proteger sua honra. “Entrei com a ação e arrolei testemunhas para provar que não fazia isso”, disse ao E+. A advogada levou a ação à Justiça um mês após a ocorrência dos fatos. Nesse intervalo, diz ter listado, inclusive, o dono e o garçom de uma bar na cidade entre cinco testemunhas a seu favor - que confirmaram que o que havia sido dito a seu respeito era mentira.

A audiência ocorreu no último dia 7, e a mulher que fez os comentários em relação a Ravena foi condenada. A Justiça determinou que ela fizesse uma retratação pública, e também a proibiu de mencionar o nome de Ravena nas redes. Caso não publicasse a retratação dentro do período máximo de 48 horas, ela teria de pagar uma multa diária de 100 reais até que escrevesse o texto. No mesmo dia, a condenada se retratou publicamente.

“Isso é sério, ainda mais numa cidade pequena como a minha”, conta ela, preocupada com as consequências para a vida de qualquer um que é alvo de tais acusações na internet, principalmente numa cidade de 35 mil habitantes.

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Apesar do resultado favorável na Justiça, Ravena afirma que não teve apoio dos amigos, e nem mesmo dos pais, na hora de propor a ação. “Eles diziam que não ia dar em nada, que ia ser perda tempo”, conta ela.

Mas, com a preocupação pelos efeitos que um ataque do gênero pode ter, principalmente numa cidade como a dela, era o correto a se fazer. “Bullying é uma coisa complicada, tem pessoas que se matam por isso”, afirma ela, que diz já ter sofrido muito com agressões do tipo.

*Estagiário sob supervisão do editor Gabriel Perline

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