Chuva: o convidado inesperado dos casamentos

Fenômeno da natureza pode aparecer do nada

PUBLICIDADE

Por Tammy La Gorce
Atualização:
Não deixe a chuva estragar seu casamento Foto: Christine Han/The New York Times

Se o tempo não estivesse tão pirado, a hora mais dramática do casamento de Tiffany Mallory com Jerrell Moore nunca teria ocorrido.

PUBLICIDADE

"Tinha desabado uma tempestade. Aí, parou de chover, mas esfriou e começou a ventar quando a cerimônia começou", diz a agora senhora Mallory Moore, que se casou em 2 de abril ante 140 convidados no gramado do Mint Museum de Charlotte, Carolina do Norte.

Quando ela se encontrou com o noivo no altar, uma rajada de vento levou seu véu de noiva. "Saiu voando de minha cabeça", diz Tiffany. "Mas, por algum motivo, talvez minha estatura, mais de 1,80 metros, as pessoas acharam a cena muito glamourosa."

Com uma temporada abril/maio cheia de chuva na costa oeste dos Estados Unidos, muitos casais aprenderam, a duras penas, que um casamento perfeito (ou, pelo menos, quase perfeito) não exige um clima perfeito.

"Meus convidados se molharam? Um pouco", diz Minoo Fadaifard Wade, que se casou com John Wade num garoento 21 de maio no Jardim Botânico do Brooklyn, com 82 convidados. "Estava frio, também, mas ninguém reclamou. Todos estavam alegres e aproveitaram."

Se nuvens de chuva ameaçarem sua festa de casamento, aí vão algumas dicas para salvar o dia, dadas por outros casais que conseguiram salvar o dia deles.

Tenha sempre um plano B fácil de executar.

Publicidade

A previsão era de chuva para 22 de maio, dia em que Jill Jacinto, de 30 anos, ia se casar com Sander van den Bergh, de 31, no pátio externo do restaurante Battery Gardens, em Nova York. Mas Jill tinha esperanças de que o tempo fosse abrir na hora da cerimônia, 16h30.

"Parei de consultar a meteorologia na noite anterior e já tinha aceitado a ideia de uma cerimônia interna", disse Jill, diretora de uma empresa de investimentos. "Aí, meia hora antes de começar o casamento, o sol saiu." O casal pôde então deixar de lado o plano B (um local fechado) e ficar no plano A original. "Foi uma festa maravilhosa", diz Jill. "Mas estávamos prontos para o que desse e viesse."

Casamento com chuva desafia a paciência de qualquer um; irrite-se (só um pouco), controle-se e veja o que dá para fazer.

No casamento de Mariana Rodrigues e David Rothschild, em 21 de maio, em Cherry Hill, Central Park, a chuva começou quando os convidados entravam nos ônibus de dois andares que os levaria para a recepção no Hotel NoMad. "O motorista de nosso ônibus foi muito gentil e ofereceu capas a todos, mas eu estava muito irritada, e irritada por estar irritada", conta Mariana, de 32 anos, ex-executiva financeira.

Mas ela não deixou isso ir longe. "Não estava perfeito, mas de qualquer modo era um grande momento", diz. "O tempo está fora de nosso controle, então, é relaxar e aproveitar."

O noivo e a noiva são as estrelas. Sua atitude vai dar o tom da celebração.

"Seu estado de espírito vai balizar o dos convidados", diz Constantino Khalaf, de 36 anos, que se casou em 14 de maio com David Khalaf, de 38, no Cathedral Par, em Portland, Oregon, terra do casal - sob garoa constante e, de vez em quando, chuva pesada. Não havia lugar coberto para os 65 convidados.

Publicidade

"Avisamos a todos para trazerem guarda-chuva e capa. Sabíamos que casar em maio em Portland é como jogar roleta russa com o tempo", diz David, responsável, com o marido, pelo website cristão Relacionamento Moderno.

Então, fizeram o melhor possível. Na recepção, feita na sede do site, "ficamos todos bem juntos para esquentar e dançamos na chuva", conta David. "Se você simplesmente disser 'olha, esta é uma bela ocasião, vamos dançar', todo mundo entra na sua."

Leia com atenção as letras miúdas do contrato do bufê.

"O primeiro conselho que podemos dar é: pergunte aos responsáveis pela cerimônia o que acontece em caso de chuva, e leia o contrato com lupa", diz Mallory Moore, a noiva cujo véu voou em pleno altar.

Isso inclui a cláusula sobre os músicos. "Músicos que tocam instrumentos de corda não podem tocar na chuva", diz ela. "Nossa música era de um trio de trompa, então isso ajudou. Já com violinistas não daria."

Mallory diz que o florista não cobrou pelos vasos destruídos pela chuva, "mas é bom saber o que o contrato diz a respeito".

Providencie pelo menos o básico para o caso de chuva: guarda-chuvas e mesmo umas galochas.

Publicidade

Rachel Bowie sentiu-se pessoalmente responsável quando começou a chover no Jane's Carousel, Brooklyn, onde 99 convidados estavam presentes em seu casamento com Matthew Dorville. "Era uma sexta-feira 13. Acho que pedimos chuva", diz Rachel, de 33 anos, editora. Felizmente, ela havia seguido o conselho do fotógrafo e providenciara guarda-chuvas claros, que não fazem sombra nos rostos na hora das fotos. Pena que não providenciou também galochas. "Quando desci do altar, meus sapatos estavam encharcados e tive de sair pulando poças."

Tudo bem se a festa tiver alguns problemas. Seu casamento também vai ter.

O furacão Irene foi um convidado inesperado em agosto de 2011 no casamento de Jacqueline Shea e Matthew Bailey, de Eatontown, New Jersey. Quando a noiva estava fazendo as unhas para o jantar pré-casamento, veio a ordem para todo mundo deixar a área onde se realizaria a cerimônia, na praia perto de Asbury Park.

"Não podia acreditar que aquilo estivesse acontecendo", diz Jacqueline, de 35 anos, que dá aulas para surdos. Os noivos tiveram de casar num restaurante local. Os responsáveis pela cerimônia recusaram-se a devolver o dinheiro pago pela festa que não houve.

Um ano depois, o casal foi ao talk show Anderson, de Anderson Cooper, para alertar outros noivos da necessidade de fazer seguro de casamento. Cooper, então, anunciou que o programa estava lhes dando um "novo" casamento, incluindo recepção no Wilshire Grand Hotel em West Orange, NJ, e uma viagem à ilha caribenha de Santa Lúcia.

Hoje os Baileys têm dois filhos e uma nova perspectiva sobre desastres que podem ocorrer no dia do casamento.

"Acho que o que aconteceu conosco foi uma espécie de prenúncio do que todo mundo encontra quando se casa", diz Jaqueline: "Sempre haverá altos e baixos na vida de casado."/Tradução de Roberto Muniz

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.