Busca por selfies com animais selvagens resulta em maus-tratos

Casos foram registrados em cidades do Brasil e do Peru; espécies ameaçadas de extinção sofriam traumas psicológicos

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Por Redação
Atualização:
Bichos-preguiça eram amarrados a árvores para que os turistas pudessem fotografá-los. Foto: Imagem cedida por ONG Proteção Animal Mundial

Um relatório divulgado recentemente pela ONG Proteção Animal Mundial mostra que o aumento do turismo de entretenimento na Amazônia está levando ao "sofrimento e à exploração" de alguns animais, tudo em nome de selfies.

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Em agosto deste ano, um bebê golfinho morreu depois de encalhar em uma praia da Espanha e não receber ajuda a tempo, uma vez que os banhistas, em vez de pedir ajuda, preferiram tirar fotos e tocar o animal.

A demanda por uma foto bonita para postar nas redes sociais tem feito com que funcionários da área de turismo em cidades como Manaus e Puerto Alegria, no Peru, tirassem animais ilegalmente da natureza para servirem aos turistas. Alguns estão ameaçados de extinção.

A investigação da organização encontrou evidências de que bichos-preguiça eram amarrados a árvores com cordas para mantê-los parados para fotos. Tucanos foram encontrados com abscessos (bolsas de pus) nos pés enquanto anacondas estavam feridas e desidratadas.

Foi descoberto que as acomodações onde esses animais roubados eram mantidos também eram cruéis. Jaguatiricas eram mantidas em gaiolase peixes-boi estufados ficavam em tanques pequenos.

Selfies. O aumento do abuso de animais está relacionado com o crescimento de selfies com eles nas redes sociais. Desde 2014, o número de fotos de animais selvagens cresceu 292%, sendo que 27% delas foram registradas por usuários dos Estados Unidos.

Algumas dessas fotos são consideradas 'boas selfies', em que as pessoas estão a uma distância segura do animal. Porém, mais de 40% delas são ‘ruins’ e mostram turistas abraçando, segurando ou interagindo inadequadamente com os animais.

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"A mania por selfie da vida selvagem é um fenômeno mundial alimentado por turistas, muitos dos quais desconhecem as condições abomináveis e o tratamento terrível que os animais selvagens suportam para fornecer essa foto de lembrança especial", disse em um comunicado Steve Mclvor, CEO da World Animal Protection.

"Por trás dessas cenas, animais selvagens foram tirados de suas mães ainda bebês e secretamente mantidos em condições imundas ou repetidas vezes atraídos por iscas de alimentos, causando grave trauma psicológico", completou Mclvor.

Em 2015, a ONG lançou a campanha Silvestres. Não entretenimento com o objetivo de afastar a indústria do turismo com vida silvestre das formas cruéis de entretenimento, como passeios e shows de elefantes. A ideia é direcionar para experiências positivas, nas quais os turistas podem observar esses animais em reservas ou santuários.

A fim de conscientizar sobre os problemas dessa tendência perigosa e gerar mudanças, a organização alerta governos de todo o mundo para endurecer as leis de proteção animal em empresas de viagens e garantir que a transgressão à lei seja devidamente paga.

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