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Aceitem: tem gente que simplesmente não tem vontade de casar

A pressão social é forte, mas há quem resista e não veja o matrimônio como uma necessidade

Por Anita Efraim
Atualização:
Na opinião da psicologa Joana Singer, a falta de vontade de casar de algumas pessoas 'está mais relacionado ao vislumbre de que há vida boa e plena além de uma vida a dois' Foto: Pixabay

Usain Bolt, três vezes tricampeão olímpico, está perto de se aposentar e já anunciou que não participará da Olimpíada de Tóquio em 2020. Agora, o desejo de sua mãe é "que ele sossegue, se case e constitua uma família", declarou em entrevista à CNN. Quer dizer, até mesmo a lenda do atletismo, Usain Bolt, sofre pressão para casar. 

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Essa é uma cobrança comum. Mesmo com a mudança dos tempos, a chegada com força do feminismo, ainda há comentários sobre aquela pessoa que "vai ficar para titia" ou que os pais se preocupam porque nunca tiveram um namoro sério. Mas e se a pessoa não tiver interesse em casar? 

Jairo Roizen, 34 anos, sempre foi o tachado pelos amigos como aquele que casaria primeiro, o que não se realizou. "Com o passar do tempo, e com as experiências de vida, passei a entender que o casamento não é tudo, acho que eu gostava mais da ideia de fazer uma grande festa, e não todo o restante", explica. 

Apesar de já ter namorado sério duas vezes, uma por seis e outra por quatro anos, os namoros começaram a balançar quando veio a pressão pelo casamento. Ele explica que sua personalidade é difícil e a pessoa precisa entender suas paixões e entregas. "Não quero ter simplesmente vontade de casar, e sim quero ter vontade de casar com alguém."

Jairo não tem pressa, mas tem vontade de morar junto e ter filhos. "Quero ter a minha família sim, mas não estou desesperado por isso, apesar de já ter 34 anos. Meu objetivo é viver tranquilamente e achar a felicidade nas coisas mais simples, encontrar alguém que queira viver essa felicidade... Casar, é consequência", opina. 

Na opinião da psicologa Joana Singer, a falta de vontade de casar de algumas pessoas "está mais relacionado ao vislumbre de que há vida boa e plena além de uma vida a dois".

Mesmo sendo nova, Beatriz Vieira, 21 anos, pensa da mesma forma que Joana e, com o tempo, perdeu a vontade de ter um casamento. "Casar era o conceito de ter uma vida feliz e certa. Com os anos vi que as coisas não são bem assim, não tem problema nenhum em ser feliz sozinha". 

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Na opinião de Beatriz, em um momento o casamento já foi sinônimo de independência, como aconteceu com sua avó, que achou no matrimônio uma maneira de sair de casa. "Hoje em dia acredito ser o oposto. Se tornou meramente um rótulo que traz muito mais discórdia e que carrega um peso desnecessário. Pra mim, relacionamentos têm que ser leves e depender de coisas que vão além de um registro ou de uma aliança", opina. 

Uma possível justificativa para a perda de vontade de Beatriz, que um dia já teve vontade de casar, é a separação dos pais. "Acho que ninguém é obrigado a viver com alguém que não ama mais. O casamento às vezes força essa situação que só traz tristezas e impedem as pessoas de seguirem em frente."

Diferentemente de Jairo, ela não tem vontade de juntar ou morar junto, nem de ter filhos biológicos. "Não tenho nenhuma vontade de gerar um filho. Tenho um irmão adotado e vejo quantas crianças esperam por um lar. Talvez adotaria, não pela ambição de ser mãe, mas sim de ajudar pessoas que precisam de carinho, atenção e amparo."

O sonho da jovem é a independencia. "Ter minha casa, minha comida, minha vida", diz. "Meu objetivo é manter os pés no chão e nunca me deslumbrar. Lembrar sempre que existe um mundo muito antes de mim."  

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