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A chamada Geração do milênio hoje tende a viver mais com os pais do que com um parceiro

A contínua presença dos filhos já crescidos na casa paterna pode indicar uma incapacidade da parte deles de dar os passos necessários para se tornarem adultos de fato

Por Tamar Lewin
Atualização:
 Foto: Pixabay

Os ninhos vazios vêm sendo ocupados de novo. Pela primeira vez na história moderna, jovens com idade entre 18 e 34 anos estão mais propensos a viver com o pai ou a mãe do que com um parceiro ou cônjuge. Esta é a análise de um novo censo realizado pelo Pew Research Center.

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Os jovens da chamada Geração Y, ou do milênio, demoram mais para casar e constituir família do que os de gerações anteriores; em 2014, 32,1% viviam na casa dos pais, comparado com 31,6% que já eram casados ou viviam com alguém.

"A mudança realmente radical é que hoje temos muito menos jovens adultos vivendo com um parceiro, casados ou coabitando", disse Richard Fry, economista do Pew Center que redigiu o relatório. "Em 1960 o indivíduo deixava a casa dos pais bem mais cedo do porque se casava ainda muito jovem".

Mas nas últimas décadas, menos pessoas se casam e as que se unem oficialmente o fazem com mais idade. 

Em 1960 a idade média de um primeiro casamento era de 20 anos entre as mulheres e 22 entre os homens, e apenas um em cada dez se casava com mais de 25 anos. Hoje a idade média está entre 27 e 29 anos e um em cada cinco adultos com mais de 25 anos nunca se casou. No estudo de 2014, o Pew Center projetou que um quarto desta nova geração talvez nunca venha a se casar.

"Não é uma evolução na vida familiar nem melhor e nem pior", disse Andrew J. Cherlin, sociólogo da Johns Hopkins University. "Transgride nossa percepção cultural de como os jovens adultos devem viver sua vida. Mas na Itália, uma porcentagem ainda maior de jovens vive com os pais e ninguém vê problema nisto. Os familiares se sentem mais ligados um ao outro e vivem mais tempo juntos".

Representante da geração do milênio Foto: Pixabay

Mas em alguns casos, ele alertou, a contínua presença dos filhos já crescidos na casa paterna pode indicar uma incapacidade da parte deles de dar os passos necessários para se tornarem adultos de fato.

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"Alguns jovens têm a síndrome do fracasso. Outros vivem por conta própria, economizando dinheiro, mas não precisam pagar o aluguel enquanto cursam uma faculdade ou fazem o estágio que necessitam".

Segundo o estudo do Pew Center, embora tenha aumentado o número de jovens vivendo com os pais, outro tipo de acomodação também se tornou mais comum. Cerca de 22% dos jovens vivem hoje em moradias no câmpus universitário ou com um avô ou avó ou até mesmo um irmão, em comparação com 13% em 1960.

Com um número crescente de pais solteiros, 14% dos jovens - quase o triplo do porcentual em 1960 - administram seu próprio lar, alguns vivem com um companheiro ou companheira ou têm um sublocatário, outros vivem sozinhos ou com filhos pequenos.

Os homens têm muito mais propensão a viver com os pais do que as mulheres, porque em geral elas se casam mais cedo e mudam de casa. Mas hoje viver esta tendência começa a se tornar comum também no caso delas.

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"O que você observa é que as minorias raciais e étnicas, afro-americanos, hispânicos e indígenas americanos, especialmente os menos favorecidos, são os mais inclinados a viver na casa dos pais e com menos propensão a ter um parceiro", disse Fry, acrescentando que as dificuldades financeiras ajudam a explicar esta conclusão.

"Você pode achar que a diversificação cada vez maior da população é que responde por essa mudança", explicou Fry. "Mas não explica o fato, uma vez que entre os jovens adultos brancos, 20% viviam com os pais em 1960 e em 2014 são 30%. De qualquer modo, se a população não tivesse se diversificado ainda assim observaríamos este grande aumento de jovens vivendo na casa dos pais"./Tradução de Terezinha Martino 

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