No entender do júri técnico que participou da eleição dos melhores ambientes de Casacor, um prêmio especial, se fosse concedido, deveria contemplar um projeto que excedesse, em qualidade e teor, todos os demais apresentados na mostra. Condição, segundo eles, satisfeita pelo Jardim Deca, do arquiteto e paisagista Alex Hanazaki. “O espaço combina execução rigorosa com uma imensa capacidade de emocionar. Impossível percorrê-lo e ficar indiferente”, afirma a consultora Clarissa Schneider, que viu com bons olhos a ideia de agraciar Hanazaki com dois prêmios: o de melhor jardim e o prêmio especial. Uma deferência de peso que surpreendeu ao próprio profissional, como ele declarou nesta entrevista exclusiva ao Casa.
Como foi receber dois prêmios CASA, o de melhor jardim e o grande prêmio do júri? Uma surpresa e uma grande honra. Esse reconhecimento duplo foi muito gratificante para mim, para minha equipe e para todos os envolvidos. Ele reforça o nosso desejo de nos reinventarmos, de levar ao público a ideia de que o paisagismo vai muito além das plantas. Um bom projeto de arquitetura pode transformar por completo a atmosfera de um jardim, como aconteceu neste trabalho.
A quais fatores você atribui o sucesso do projeto aos olhos do público e dos jurados? Acredito que a forma como determinados objetos ganharam novos significados foi o que mais surpreendeu os visitantes. Pias e torneiras, por exemplo, se transformaram em fontes, chuveiros em cascatas, vasos sanitários em muros. Além disso, sempre procuro trabalhar não apenas a vegetação, mas a arquitetura da área externa como um todo. Acho que este é o grande diferencial do meu trabalho. Ou seja, fazer com que a arquitetura e a vegetação apareçam tão integradas, a ponto de se tornarem inseparáveis. Fazer valer, enfim, tanto meu lado arquiteto, como botânico.
Neste jardim, especificamente, como os dois lados se entrelaçam? Sou formado em arquitetura. Logo, sempre começo um projeto com olhos de arquiteto. Desenho as linhas, delimito canteiros, espelhos d’água, pisos, bem como qualquer outro detalhe construtivo. Somente após desenvolver essa base, penso nas plantas e em outros elementos que possam criar efeito. Neste caso, foram as pias, chuveiros e vasos sanitários que foram utilizados como elementos escultóricos, fora de seus contextos de uso. O resultado é uma experiência capaz de emocionar, de realçar o cotidiano.