Salas ligadas pelo afeto

Espaço assinado pelo escritório Todos Arquitetura destaca memórias em ambientes feitos para serem vividos

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Por Natalia Mazzoni
Atualização:
Armário de madeira projetado seguindo projeto do livro Autoprogettazione Foto: Zeca Wittner

Decoração que conta histórias. Por onde o morador já passou, o que ele gosta de fazer, quais objetos herdou de parentes queridos. As salas apresentadas na Casa Cor 2017 colocam em evidência que decorar um ambiente pode ultrapassar os limites da estética e chegar a um lugar confortável para o morador: o do afeto. 

Quem olha o Estúdio Nômade, espaço assinado pelo escritório Todos Arquitetura, dirigido pelo arquiteto Mauricio Arruda, pode ter a impressão de que alguém de fato habita aqueles cômodos. Travesseiros empilhados em cima do armário, cadeiras que parecem ter sido puxadas por amigos para bater um papo no estar. O jeito natural de apresentar sua proposta de decoração é proposital, e levanta uma questão: o que é morar hoje? 

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“Existe uma preocupação de ressignificar a casa. É uma busca por se ver refletido nesse lugar, ter algo maior, que faça sentido. É claro que isso não é uma unanimidade, mas o interesse por esse conceito é cada vez maior”, diz Arruda. Para ele, a relação com a casa, quando mais afetiva, cria laços capazes de afetar diretamente a decoração. “Ao fazer um projeto, não tem como ignorar a bagagem que vem com o cliente e não refletir isso na decoração”, explica.

Essa relação mais atenciosa com cada detalhe, segundo a arquiteto Moacir Junior, autor do Living Bar junto ao seu sócio Salvio Junior, coloca também a praticidade em questão. Afinal, objetos e móveis escolhidos com carinho não podem ser descartáveis. “No ambiente que montamos, por exemplo, os sofás modulares podem ser dispostos de outras maneiras, caso o morador se mude para outra casa maior ou menor. As mesas laterais, compactas, podem passar da sala para o quarto. Ou seja, podem ser úteis por muito tempo e de várias maneiras”, comenta.

No Loft do Viajante, de Maicon Antoniolli, a decoração afetiva e feita para durar se mostra em objetos que simbolizam lembranças de viagem e móveis escolhidos pela funcionalidade. “Mesmo em ambientes pequenos, prefiro ter uma boa poltrona grande do que duas pequenas. Pensando assim, nos livramos de alguns excessos, e abrimos espaço para as memórias”, diz Antoniolli. Em muitas outras salas da mostra, o procedimento se mantém: colecionar objetos, selecionar peças únicas, dispor as coisas de forma mais personalizada e menos planejada. Algo muito bem-vindo para Mauricio Arruda. “Somos contratados para criar ambientes únicos, afinal, cada pessoa é diferente. Cada casa é um ninho. Deve fazer sentido para quem a habita.”

Faça na sua casa

ACERVO DE FAMÍLIA Peças antigas podem ser únicas, e fazem a sua decoração ficar ainda mais personalizada. Caso o móvel não esteja em bom estado, considere fazer uma restauração 

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DESIGN Investir em itens com bom material e acabamento vale a pena para quem quer algo permanente. Cadeiras e poltronas assinadas costumam ser um bom investimento 

OBJETOS PESSOAIS Olhe para o que você tem e pense se objetos, fotos, mapas e pôsteres cairiam bem para contar uma parte de sua história na decoração. Isso faz com que sua casa seja única

MOBILIÁRIO  Sofás modulares, pufes, pequenas mesas laterais. Esses itens são chave para quem pretende levar seus móveis para diferentes lugares. Se a sala da casa nova for menor, a mesa lateral pode virar criado-mudo no quartoLAYOUT Não é mais preciso ter um lugar fixo para cada coisa. Grande parte dos ambientes da mostra foram pensados para se transformar em dias de casa cheia, por exemplo

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