Para designer italiano, 'a forma é secundária'

Em recente visita a São Paulo, designer e teórico italiano exalta a importância da identidade material e dar cor na criação de objetos

PUBLICIDADE

Por Marcelo Lima
Atualização:
Designer italiano Clino Castelli Foto: Divulgação

O interesse pelo aspecto sensorial dos objetos vem crescendo sensivelmente nos últimos anos, muito em função do advento de novas matérias-primas e tecnologias, como as resinas sintéticas, as impressoras 3D e o LED. “Mais do que a própria forma, no futuro próximo serão elementos não tangíveis, como a cor e as sensações proporcionadas pelos diferentes materiais, que vão direcionar o interesse dos designers e a escolha dos consumidores”, arrisca o designer e teórico italiano Clino Castelli, um dos convidados do fórum “A forma segue a matéria”, que aconteceu em São Paulo, durante o Design Weekend, em agosto, sob patrocínio do Sindimóveis de Bento Gonçalves (RS). “Frente a qualquer objeto, a cor é nossa sensação primária”, disse o designer nesta entrevista exclusiva ao Casa.

PUBLICIDADE

Desde quando o senhor se interessa mais pelos materiais do que propriamente pela forma dos objetos?

Na verdade, desde sempre. Nos anos 60, recém-saído da faculdade, passei a estagiar com meu grande mestre, Ettore Sottssas. Na época ele desenvolvia os primeiros projetos de máquinas de escrever para a Olivetti e a dimensão intangível de seu design me impressionou muito. Mas foi apenas a partir dos anos 80 que a matéria e, sobretudo, a cor surgiram para mim como o dado fundamental de todo e qualquer projeto. Até então, os materiais eram escolhidos no fim do processo de design. Hoje, os produtos mais interessantes são aqueles concebidos a partir de sua identidade material e de sua cor. E isso é válido também para a arquitetura.

Como suas reflexões têm se materializado em seu trabalho como designer?

Ao longo do tempo, meus interesses têm me levado a conceber móveis que colocam em primeiro plano sua materialidade – sua cor, textura, brilho. A forma é secundária. O que pode ser constatado, por exemplo, no armário Semestri, que desenhei para a Cappellini em 1991, e também no banco Love Bench, para a Louis Vuitton.

Se a cor é tão essencial e, de certa forma, sempre esteve acessível aos designers e fabricantes, por que a maioria dos objetos ainda exibe tonalidades neutras?

Fundamentalmente, porque o universo da indústria é um universo de estandardização. Ocorre, no entanto, que o futuro aponta para o oposto dessa situação e a possibilidade de customizar os objetos, uma exigência já verificada em muitos setores, é prova dessa realidade. A neutralidade está sob controle. A cor é incomensurável.

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.