Paixão por plantas

Floristas querem levar o verde para dentro de casa e despertar memórias afetivas

PUBLICIDADE

Por Natalia Mazzoni
Atualização:
A Amapá Flowershop funciona numa casa na Vila Madalena Foto: Zeca Wittner/Estadão

Esqueça a ideia de chegar a uma floricultura, escolher suas flores e levar para casa um buquê tradicional. Nestas lojas, cada arranjo, vaso ou terrário é único. Peças feitas com carinho por gente apaixonada por plantas e pela ideia de ter um pouco de verde dentro de casa. São jovens que participam de todo o processo de produção que leva sua marca – da escolha das espécies na feira de flores da Ceagesp até a entrega para o cliente. Dentro desse universo, a valorização de pequenos produtores, o resgate de memórias afetivas e o incentivo à interação com a planta são pontos em comum. E uma constante busca. 

PUBLICIDADE

Adeptos dessa ideia, Antonio Jotta e Carol Nóbrega, criadores do Flo Atelier Botânico, apostaram em um negócio que começou depois que fizeram alguns terrários de suculentas para amigos. Hoje, a marca do casal tem espaço fixo, em uma casa na Vila Madalena, onde funciona o Flo Armazém. Lá, as plantas dividem espaço com pôsteres e postais com ilustrações botânicas e velas feitas artesanalmente por Jotta e Carol com cera de soja. Os aromas remetem a experiências que os fazem sorrir no dia a dia, como o cheiro do melão recém-cortado ou do passeio no meio do mato.

Os terrários, marca registrada da dupla, se mostram em criações cada vez mais complexas: suculentas de formas exóticas são combinadas a pedras e cristais, em grandes potes de vidro com tampa de cobre ou casinhas de ferro e vidro trazidas de viagens. “Nossa marca cresceu no momento em que as pessoas estão cada vez mais interessadas em ter um pouco de verde dentro de casa. É como se todos nós estivéssemos buscando nos desligar do ritmo da cidade, da agenda totalmente programada, e nos ligar de novo na natureza, em coisas que são vivas. Sinto que as pessoas que nos procuram querem algo que as façam sentir mais humanas”, diz Jotta. 

Em outro espaço na Vila Madalena, Marina Gurgel e Tatiana Pascowitch comandam um negócio que abriu as portas para levar flores todos os dias até a casa dos clientes. A ideia começou menor do que é hoje, com entregas feitas de bicicleta pelos bairros mais próximos. Hoje, o ateliê é repleto de flores para pronta entrega, em arranjos que fogem do lugar comum, na forma de buquês ou acomodados em garrafas de vidro. “Nosso maior objetivo sempre foi ter um esquema que tornasse fácil a pessoa ter a casa sempre florida. Ela nos diz o que procura e nós montamos uma coisa só para ela”, explica Tatiana. Nas prateleiras, espécies mais tradicionais, como rosas vermelhas, dão lugar a folhagens exóticas e a flores da estação. 

No mesmo bairro, a Amapá Flowershop, de Kika e Nina Levy, mãe e filha, recebe os clientes em uma casa com jardim. Na sala, a marcenaria criada por Felipe De Lucca serve de apoio para pequenos arranjos, sobretudo de cactos e suculentas. “Nossa ideia é que a pessoa venha e passe um tempo na loja, não é para ser uma compra rápida. A gente gosta de entender a necessidade e o interesse de cada um, tomar um café, mostrar o jardim”, conta Nina, que, além dos arranjos, faz vasos de cerâmica especialmente para abrigar as espécies de que mais gosta. 

Siga o Casa no Instagram e poste sua foto com a #casaestadao

Quem também coloca a mão na massa para criar delicados arranjos com suculentas e cactos é a designer Laura Sugimoto, do carioca Wabi-Sabi. “O nome do ateliê vem da filosofia japonesa que prega a simplicidade e a beleza do trabalho feito com as mãos”, explica. Em seu showroom localizado ao pé da Floresta da Tijuca, ela recebe os clientes, mas suas criações viajam o Brasil todo. “Mando o vidro pelos Correios, com um kit de terra adubada, carvão ativado, pedriscos, seixos e uma pedra assinada à mão. A planta fica por conta do cliente, que escolhe aquela que achar mais bonita. Seja como for, ter uma planta acaba sendo uma maneira de cada um ter sua pequena floresta em casa.” 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.