O vinho que sobe

Luiz Paulo Andrade e Felipe Scroback revolucionam cobertura triplex nos Jardins

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Por Marisa Vieira da Costa
Atualização:

Com ímpeto jovem, os arquitetos Luiz Paulo Andrade, de 35 anos, e Felipe Scroback, de 31, repensaram uma cobertura nos Jardins, em São Paulo. Embora já tivesse feito um trabalho para o proprietário, a dupla teve de encarar uma concorrência com outros dois escritórios de arquitetura antes de receber o desafio de projetar um tríplex de 600 m². O prédio, que começou a ser construído em 2006 em um terreno onde havia uma vila de casas, estava na estrutura quando Luiz e Felipe começaram o trabalho.

 

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"Havia uma planta original, mas nós, em concordância com o proprietário, decidimos mudar tudo", conta Luiz. O dono resumiu o que queria ao dizer que aquele seria seu imóvel definitivo. Pediu que o apartamento tivesse a cara de uma casa, como a em que morava no Morumbi, e que eles arranjassem um lugar para suas mil garrafas de vinho. "É o hobby dele. Tínhamos de sair do óbvio. Não podíamos pôr uma geladeira no meio da sala e seria muito fácil reservar um cômodo para a adega. Tivemos uma sacada e decidimos acomodar toda a bebida em um elevador interno, algo inusitado que acabou sendo um dos carros-chefe da obra", reconhece Felipe.

 

A dupla quebrou a cabeça até chegar ao desenho final. "Simplesmente invertemos a ordem das coisas", explica Luiz. Ou seja: pela planta original, entrava-se pelo último piso, que concentraria as áreas social, de lazer e de serviço; no andar intermediário, ficaria a suíte master e, abaixo, as suítes e os espaços íntimos. Luiz e Felipe resolveram concentrar.

 

Dupla dinâmica

 

Frequentadores do Salão de Milão e, portanto, antenados com o que há de mais novo em termos de design – acabam de abrir o estúdio Símio, com móveis desenhados por eles –, Luiz Paulo Andrade e Felipe Scroback (abaixo) puseram em prática nessa cobertura suas ideias como designers. Cuidaram de todos os detalhes e idealizaram cada peça do mobiliário. E escolheram a dedo os materiais – do mármore travertino bruto ao vidro serigrafado, que aparece leitoso no tampo da mesa de almoço e preto na de jantar, e tecidos que revestem os sofás. Tiveram o cuidado de seguir os veios das lâminas de madeira que ficam atrás das aletas de MDF dos painéis da caixa do elevador e do armário da sala de jantar.

 

Os dois arquitetos também tiveram participação na distribuição do rico acervo artístico do proprietário, que inclui, em uma das praças externas, a quinta das seis edições da obra O Beijo, de Brecheret, e, sobre uma papeleira antiga com miniatura da Ilíada em romeno, entre outros minilivros, uma santa barroca do século 18. Nas paredes, tapeçaria de autor desconhecido da segunda metade do século 16, adquirida em leilão na Sothebys; cena de Paris, de Timmermans; um Briggermann de 1868, um Mabe de 1961; um Di Cavalcanti; uma gravura de Portinari de 1956; um Romero Brito e, singelamente, junto à mesa de bilhar, um quadrinho pintado pela dona da casa.

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