O valor da inovação

A Brazil Design Week, realizada no Rio, aponta como a indústria nacional pode se diferenciar com criatividade

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Por Roberto Abolafio Jr.
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Muita gente esquece, mas, por trás de produtos, marcas, embalagens e cartazes, entre outros elementos que integram o dia-a-dia dos consumidores, há o trabalho dos designers. Esses profissionais se reuniram no começo do mês na primeira Brazil Design Week, no MAM do Rio de Janeiro, evento multidisciplinar que contou com 40 expositores e teve seminários com cases nacionais e internacionais. O objetivo foi chamar a atenção da indústria brasileira sobre como design e inovação, em qualquer segmento, tendem a fazer diferença no resultado da produção - e das vendas. Não é à toa que a categoria quer, mais do que nunca, agir em bloco. "Nos últimos quatro anos há uma expansão do mercado interno, com o maior poder aquisitivo da classe C, e o fenômeno de um comprador mais voltado a novidades", explica Manoel Müller, presidente da Abedesign, entidade que congrega empresas do setor, organizadora do evento. Pelo que se viu, criatividade e trabalho duro não faltam nos escritórios. Diretores da Indústria Nacional Design, Ricardo Saint-Clair e Bruno Bertani abriram há dois anos a Diálogo, empresa focada em produtos. A dupla arrematou, este ano, o Leão de Prata no Festival Internacional de Publicidade de Cannes, na estreante categoria Design, com um prato para servir salada produzido para a empresa Hortifruti. No tocante à casa, há peças mais autorais dos criadores e outras voltadas a clientes como Bohemia, que lhes encomendou racks de madeira para compor suas cervejarias. "O resultado foi bom e agora haverá versões para a casa, a serem vendidas na loja virtual da marca", conta Saint-Clair, para quem hoje, no Brasil, o que era supérfluo virou mercado. Vincenzo Colonna, da UrbanaBR - em que o destaque era o simpático banco Jum, uma homenagem ao estilista Jum Nakao - diz mais: "Pelo menos no que se refere ao mobiliário, o que antes era sinônimo de status hoje se revela na procura de conforto. E há ainda a consciência do tipo de material empregado". Isso significa preocupação ecológica, aspecto que movimenta as empresas. Um exemplo é a veterana Tátil, de Fred Gelli, que criou um núcleo batizado de Ecoinovação, com preceitos de correção ambiental a nortear os projetos. Para entender o caso, é só ver o banco Do-In, com assento feito de espuma e tubetes de papelão, cilindro de celulose e aço galvanizado, descartados pela indústria. O lixo, ora se não, vira produto. Produto, aliás, é o que não falta na Sincrodesign, ainda que tenha apenas três anos. "Estamos crescendo bem", conta o diretor, Jaakko Tammela. De porta-pranchas de surfe a bebedouros, de luminárias a chaises longues, o portfólio da empresa mostra uma versatilidade bacana de se ver. Cerca de US$ 150 milhões por ano são movimentados por projetos como os citados acima - e a cifra pode chegar a US$ 500 milhões daqui a dois, segundo Manoel Müller. No próximo ano, conta ele, a Brazil Design Week deverá ser em São Paulo ou Curitiba. E, em 2010, quem sabe será a vez de Nova York. "Vamos mostrar nossos serviços para o mundo", espera.

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