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O móvel modernista brasileiro e seus desdobramentos na SP - Arte 2016

Pela primera vez, a já tradicional mostra de arte, em cartaz no Pavilhão da Bienal, dedica todo um andar às galerias de design brasileiras

Por Marcelo Lima
Atualização:
Instalação com espelhos do designer José Marton no pavilhão da Bienal, palco da SP - Arte Foto: divulgação

Algumas características saltam aos olhos quando observamos o mobiliário produzido no Brasil entre as décadas de 1930 e 1970. Além de sua evidente qualidade construtiva e material, coexistem em diferentes móveis, de diferentes autores, elementos que apontam para uma identidade comum. Para uma convergência de procedimentos quanto ao desenho e ao uso possível de determinadas matérias-primas, especialmente da madeira, que, com o passar do tempo, acabou dando origem à denominação móvel modernista brasileiro. "Apesar da proposta internacional do modernismo, os móveis produzidos no Brasil no período denotam padrões inéditos de concepção e execução. Não me surpreende, portanto, que eles tenham se fixado com tanta força na memória coletiva", afirma o historiador e crítico de design, Jayme Vargas. Considerada hoje uma das mais relevantes no cenário internacional, é um recorte consistente desta produção, tão bem expressa na obra de designers como Sergio Rodrigues, Oscar Niemeyer, Jorge Zalszupin, Joaquim Tenreiro e Lina Bo Bardi, entre outros, que pode ser conferida a partir da próxima quinta-feira (7) na 12 ª edição da SP-Arte, feira que acontece até terça-feira (10), no Pavilhão da Bienal, agregando, a partir desta edição, uma seleção de galerias brasileiras do segmento.  "Existe sim muito de modernismo. Mas também de contemporâneo. Essencialmente, o que mais pesou na seleção dos participantes foi a veiculação ao conceito de dessenho de autor. Com raras exceções, em geral peças vinculadas a algum período específico, a maioria das peças apresentadas possui criadores claramente identificados", pontua Fernanda Feitosa, idealizadora e promotora da feira (ver entrevista, na pág 18.). Satisfeito este requisito essencial, a organização se abriu para um amplo leque de participações. Ocupando praticamente todo o terceiro pavimento do prédio da Bienal, a mostra contempla de antiquários a lojas de móveis. De profissionais consagrados em suas carreiras solo a instituições de ensino apresentando trabalhos de estudantes recém-graduados.  Embora não se constitua objetivo primordial do evento - que, por ora pretende se ater a designers e movimentos consolidados - alguns dos participantes não abriram mão da oportunidade de aproveitar a ocasião para apresentar ao mercado seus novos produtos. A Etel, por exemplo, comparece com três novas criações de Claudia Moreira Salles, três conjuntos de mesa e um banco. Todos inéditos. A Firma Casa traz direto da galeria Friedman Benda, de Nova York, um aparador inédito de Fernando e Humberto Campana, construído a partir de tiras de metal . Ainda na seara modernista, duas reedições prometem ser alvo de todas as atenções. Fruto de uma parceria com o Museu Lasar Segall, uma série inédita de móveis de madeira ebanizada - mesas, cadeiras e poltronas - produzida pelo pintor em 1932, acaba de ser reeditada . “Foram modernistas, como Lasar Segall, com sua limpeza formal, que abriram caminho para o surgimento do design contemporâneo”, afirma a empresária e pesquisadora Lissa Carmona, da Etel, que também assina a reedição.  Além de contar com seu espaço de exposição, a marca paulista preparou especialmente para a SP-Arte, uma exposição institucional sobre o modernismo brasileiro, apresentando seus atores e obras primas. “Nossa objetivo foi produzir uma cronologia de fácil compreensão, para que todos os visitantes, especialistas ou não, possam entender o passado e o presente do nosso design, por meio de seus protagonistas”, explica Lissa.  Avançando na linha do tempo e chegando à década de 1970, dois produtos bastante representativos do pensamento industrial do artista e designer Geraldo de Barros, a cadeira M110 e a estante MF710, serão apresentadas pela Dpot em instalação especial.  Completando a programação, mas já com foco no futuro, o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo vai dispor de espaço próprio onde pretende apresentar trabalhos de alunos, especialmente selecionados para a SP- Arte.

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