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O jovem design mundial na visão de Beppe Finessi

Crítico italiano comenta mostra que comemora os 20 anos do Salão Satélite de Milão

Por Marcelo Lima
Atualização:
Vista de uma das naves da mostra Salão Satélite 20 anos de criatividade, em cartaz em Milão Foto: SALAO DO MOVEL DE MILAO

Braço direito da fundadora e idealizadora do Salone Satelitte, Marva Griffin, o crítico de design italiano Beppe Finesse se sente lisonjeado de assinar a curadoria de Salone Satellite - 20 anos de nova criatividade. Mostra que fica em cartaz até o próximo dia 25, na Fabbrica del Vapore, uma da locações mais emblemáticas de Milão. "O Satelitte é uma grande escola onde jovens cheios de sonhos aprendem a lidar com a crítica, com o mercado mundial design. É isso não é pouco", conforme ele afirmou nesta entrevista ao Casa.

Como surgiu a ideia da mostra?  Após o sucesso da exposição A Dream Come True (Um Sonho Tornado Realidade), de 2007, por ocasião dos primeiros dez anos do Satellite, nos pareceu natural passar em revista à produção da última década e apresentá-la, mais uma vez, em um espaço idealizado pelo arquiteto Ricardo Bello Dias. Só que, desta vez, tentando repensar toda a história do evento, colocando em evidência procedimentos comuns, mas também a singularidade do trabalho dos jovens designers.

O crítico de design italiano Beppe Finesse, curador da mostra Salão Satélite, 20 anos de criatividade Foto: SALAO DO MOVEL DE MILAO

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Como ela se estrutura espacialmente?  Em três segmentos, distribuídos em três grandes naves. Na primeira, apresentamos jovens que parecem ter se concentrado na inovação pura e simples, tentando repensar e transformar bens de consumo tradicionais, como mesas e fruteiras. Em outro, designers que realizaram experimentações com materiais, propondo possíveis maneiras de usá-los e, ao mesmo tempo, equacionando, com sucesso, problemas tecnológicos a eles relacionados. Por fim, o terceiro apresenta aqueles que procuram dar uma qualidade escultural a seus objetos, que se interessam pelo aspecto digamos decorativo dos objetos de uso cotidiano, mas sempre de uma forma alegre e espirituosa, não raro sugerindo metáforas e alusões.

Ao longo dos anos, houve uma mudança significativa no enfoque das propostas?  Sem dúvida. O mundo do design mudou e me alegra perceber que os jovens têm sido capazes de reagir a essas mudanças. Lembro que nas primeiras edições, no final da década de 1990, as propostas eram bem mais livres, cheios de humor e ironia. Hoje encontramos em muitos delas um bom gosto genuíno, fresco e atualizado, que dá origem a objetos esteticamente mais elaborados, elegantes até. Mas, na verdade, a mudança é um dos elementos mais significativos do salão. A cada edição tudo é diferente e alheio ao gosto dominante. E mesmo quando algo parece "fora do tempo", o futuro nos mostra que determinado objeto não só era pertinente, mas, muitas vezes, necessário.

Um dos setores da mostra, que conta com a curadoria do crítico de design Beppe Finesse Foto: SALAO DO MOVEL DE MILAO
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