"Neste momento ‘estou’ ceramista", diz designer

Paula Juchem lança coleção Alquimia de vasos de cerâmica na Firma Casa

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Por Marcelo Lima
Atualização:
Detalhe de um dos vasos criados para a primeira individual da designer na galeria Firma Casa Foto: Ruy Teixeira

O princípio de que metais inferiores, quando manipulados por meio do conhecimento, podem se converter em ouro, inspirou Alquimia: a primeira coleção criada por Paula Juchem para a Firma Casa, lançada na última quinta-feira. No caso da designer, por meio de vasos de argila que após receberem elementos decorativos se transformam em objetos únicos. “Eu sou uma designer que trabalha com cerâmica”, declara Paula, que apresentou os lançamentos ao Casa.

A designer Paula Juchem, que criou a coleção Alquimia,manipulando porções de argila Foto: Ruy Teixeira

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Você diz não se considerar uma ceramista clássica. Como classificaria seu trabalho atual?

Me considero uma designer que neste momento ‘está’ ceramista, gosto de vários materiais, o gostoso é o desafio de afrontar um material desconhecido. Tecido, vidro, tinta óleo, aquarela, madeira e, nesse momento, estou muito entusiasmada com a argila. Já desenhei muito. Desenhava, recortava e ia montando as ilustrações para depois serem fotografadas. Já ilustrei e realizei desenhos com tinta sobre porcelana, intercalando queimas distintas. Meu trabalho cresceu muito nesse processo de colagem mas, aos poucos, fui sentindo mais vontade de exercitar a forma e sujar as mãos. Sempre olhei a cerâmica com reverência. Tanto na Itália, quanto no Brasil, tive a oportunidade de trabalhar com verdadeiros mestres ceramistas. Eles têm conhecimento da matéria, de suas propriedades químicas, temperaturas, técnicas de modelagem. Todo esse conhecimento não se absorve de uma hora para outra e, mesmo assim, resolvi me aventurar nesse mundo incrível que é a cerâmica. Acho que acabei encontrando a minha chave criativa nessa história.

Como se dá seu processo de criação?

O ponto de partida é a forma da cerâmica que sai do torno. Trabalho sentada ao lado do oleiro, não sou boa de torno, nem tenho vontade de ser, gostoso para mim é recortar com a ponta afiada do estilete os desenhos na placa de barro e, num ritmo acelerado, reposicionar as figuras na forma base. Isso me diverte. Posso dedicar três, quatro, cinco dias a uma única peça. Esse tempo espichado é importante porque depois da aplicação dos desenhos, começo a moldar detalhezinhos, as texturas, a esmaltação e, na terceira queima, as texturas dos decalques e também aquelas que faço com o pincel com tinta de porcelana.

Um dos vasos da coleção Alquimia da ceramista Paula Juchem Foto: Ruy Teixeira

Você trabalhou como ilustradora. Como a imagem se relaciona com suas peças?

Voltar para o Brasil depois de 15 anos na Itália foi muito impactante. O Brasil é um País dinâmico e lindamente multicultural. Nada é mais inspirador para mim do que caminhar pelas ruas de São Paulo. Me sinto sempre num filme e me esforço para manter o meu olhar um pouco ‘gringo’ quando ando por aí. Acredito que seja essa realidade, múltipla e multifacetada, que acabo levando para minhas cerâmicas.

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