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Móveis Lafer: 90 anos em revista

No ano em que comemora 9 décadas, Móveis Lafer ganha retrospectiva com 50 móveis icônicos incluindo carro produzido pela marca. Analisando sua trajetória, o designer e proprietário da marca, Percival Lafer

Por Marcelo Lima
Atualização:
Produção da década de 1970 com a poltrona MP 81, da Móveis Lafer Foto: LAFER

A Lafer é uma fabricante brasileira de móveis que traz em seu portfólio um dado exclusivo: fundada em 1927 como indústria moveleira, ela também produziu automóveis, entre 1974 e 1990. Entre eles, um dos modelos mais cobiçados à sua época, o estiloso MP Lafer. Uma em meio a mais de 50 peças – poltronas, banquetas, sofás e mesas – que levam a assinatura de Percival Lafer, designer e dona da marca, e integram a primeira mostra retrospectiva dedicada à sua obra, que abre suas portas na Loja Teo, a partir de quarta-feira, 9. “Minha incursão pelo universo do design aconteceu por razões circunstanciais, mas, desde então, jamais o abandonei”, conforme afirmou Lafer, nesta entrevista ao Casa, na qual comenta sua trajetória e reafirma sua paixão pelo seu ofício.

Qual sua formação e o que considera mais estimulante no seu trabalho como designer? Sou arquiteto formado pela Universidade Mackenzie. Na minha época, ainda não havia uma faculdade de desenho industrial em São Paulo, nem mesmo a cadeira de design dentro do curso de arquitetura. A única era a ESDI, Escola Superior de Desenho Industrial, no Rio de Janeiro. Admito que meu objetivo profissional era, de fato, seguir a carreira de arquiteto. Ocorre que o micróbio da indústria, digamos assim, acabou se instalando em mim. Desde cedo, passei a me interessar por seus métodos e processos pela simples curiosidade em conhecê-los, pelo desejo de ampliar meus horizontes. Foi assim que acabei encontrando o design e, com ele, a possibilidade do exercício da criação, que é, para mim, a parte mais estimulante de todo processo.

O designer e proprietário da Móveis Lafer, Percival Lafer Foto: LAFER

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Como via o design no começo e como o vê hoje? Para mim, seu significado hoje é exatamente o mesmo que ele tinha quando comecei. Claro que ele evoluiu como disciplina, como área do conhecimento, mas não como significado. Desenvolver um bom produto requer uma compreensão ampla das tecnologias e dos materiais. Mas isso nem é o mais difícil. O grande desafio é ter criatividade e sensibilidade suficientes para saber como utilizá-los.

Sempre houve um forte componente estético associado aos móveis Lafer, sobretudo nos produzidos entre as décadas de 1960 e 1980. Quais eram suas referências à época e quais são hoje? Minhas referências foram e ainda são simplesmente estar atento ao que acontece à minha volta e, na medida do possível, considerar também o que existia no passado. A estética é essencial, mas é apenas um dos atributos. Nunca o único. Se ela não for amparada por qualidades funcionais e, no caso de cadeiras e poltronas, por um bem fundamentado e sólido estudo ergonômico, o resultado final poderá ser um lindo mau produto. A forma não pode se sobrepor à função.

As poltronas MP 81, da Móveis Lafer, em versão jeans Foto: LAFER
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