Mistura étnica

Artesanato dos quatro cantos do mundo revela a paixão da designer de interiores Carolina Szabó pela criação popular

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Por Bete Hoppe
Atualização:

Apesar da ascendência européia, que inclui pai croata e sobrenome húngaro, a designer de interiores Carolina Szabó é amante da arte étnica. Tanto que a casa onde vive desde 1969, em Perdizes - e que já pertenceu à família da cantora sertaneja Inezita Barroso -, está recheada com peças de artesanato de todos os continentes. "Entre ouro e barro, prefiro o barro. É um gosto pessoal", diz. Ao reformar a casa de 250 m², em 1975, Carolina manteve o portão de entrada com arco e os pilares de madeira da varanda (hoje verdes), onde o leão de madeira maciça - originário de Minas Gerais - guarda a porta principal. Arcos e madeiras torneadas no terraço, grades nas janelas e o tom ocre das paredes e do muro reforçam o estilo da fachada. "Tem o clima de vila espanhola, que não intimida, mas convida a entrar", afirma. No interior, passagens em arco, vigas de madeira patinada e paredes brancas (lisas e com relevo), intercaladas com terracota texturizada e tijolinho aparente, conferem o contraste entre os ambientes. Uma curiosidade é o efeito de relevo de algumas paredes, resultado do papel de parede com fibra de vidro da Wallpaper (R$ 45 o m linear), pintado de branco. Carolina aproveitou a reforma para montar seu escritório nos fundos do terreno, entre a área de lazer e o pátio. Ali, vasos com violetas salpicam a parede terracota e o poço tomado por buxinho e hera se ergue no centro do piso de paralelepípedos. O contato com o verde é fundamental para a decoradora, que instalou amplas janelas em toda a casa. Da sala de estar, por exemplo, avista-se o bambusa (tipo de bambu) que funciona como quadro vivo numa parede, enquanto as samambaias em xaxins são o pano de fundo no corredor lateral. A decoração revela a alma de andarilha da moradora. De suas viagens, dentro ou fora do país, Carolina sempre traz uma peça de artesanato na bagagem. Espalhados pelos ambientes, objetos dos países que já visitou, entre eles Marrocos, Nova Zelândia, Austrália e África do Sul. Desse último, trouxe máscaras antigas e colares, alguns emoldurados em caixas que ornamentam as paredes do lavabo. A Indonésia ainda é um destino a desvendar; mesmo assim, a escultura de madeira (da Indoásia) se destaca sobre a mesa adaptada como aparador, na sala de estar. Entre as peças do Brasil, impera a arte regional, com objetos de madeira, cerâmica e fibras, em sua maioria. Os espaços são tomados por esculturas de pedra vindas de Natal, objetos de cerâmica marajoara, cocares indígenas, estatuetas de Belém e peças de Minas e Pernambuco esculpidas em madeira e ferro. A sala de TV é brasileiríssima: a gamela cavada em tronco, de Zanine Caldas, faz par com a cadeira de madeira esculpida em formato de folha e estrutura de ferro. Na sala de estar, os destaques são as obras de cedro entalhado, do artista mineiro Artur Pereira (a partir de R$ 25 mil, na Galeria Estação São Paulo), e a pintura vermelha e preta sobre madeira, em vez de tela (de Macaparana, PE). Com tantas fontes de inspiração, Carolina brinca com composições. No escritório, por exemplo, juntou um cocar amarelo brasileiro com uma máscara africana (a partir de R$ 600, no Antiquário Patrimônio). Na sala de jantar abriu espaço para peculiaridades: os livros que se vêem através dos vidros do armário para louças são, na verdade, papel de parede estampado. É nos outros dois armários, contudo, que a moradora deixa à mostra a coleção de bules garimpada em feiras e antiquários mundo afora. A mesa de freijó lavado, criada por Etel Carmona para o ambiente de Carolina na Casa Cor de 1996, foi batizada com seu nome e entrou para a linha de produtos da Etel Interiores (a partir de R$ 15.977). "Esta casa é vitrine da minha vida. As peças são a minha história", diz, completando: "Sonho em abrir uma galeria só com artesanato do mundo todo".

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