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E fez-se a luz

Uma antiga capela holandesa teve todo o interior remodelado para virar a casa de uma nova família

Por Wick Amies
Atualização:
A white interior of the former nave is punctuated by a red staircase to the master suite on the second floor in the church converted into a home by Ronald Olthof and his partner, Sofie Suiker, in Haarlo, Netherlands, May 30, 2014. The couple intended to convert an old factory into a home, but after a deal fell through, they ended up buying the church instead. (Andreas Meichsner/The New York Times) Foto: Andreas Meichsner/NYT

Quando Ronald Olthof e sua companheira, Sofie Suiker, decidiram comprar um imóvel, o instinto lhes disse para encontrar uma construção antiga que eles pudessem reformar. Talvez um espaço industrial abandonado. Nunca imaginaram que iriam parar em uma igreja. Mas isso foi antes da intervenção de um poder superior.

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“Originalmente,queríamos comprar uma fábrica antiga”, disse Olthof, de 39 anos, arquiteto em Hengelo, cidade localizada no leste da Holanda. E eles quase conseguiram a compra, acrescentou, “mas a negociação não foi para frente”. Então, eles viram por acaso uma igreja vazia, em Haarlo, uma cidadezinha próxima. O lugar lhes deu uma ótima impressão. Principalmente depois de conhecerem alguns do vizinhos.“Descobrimos que um deles vinha da cidade natal de Sofie, Amsterdã”, contou. “E outro era da minha cidade natal, Borne.”

Mas foi só quando voltaram para casa para tomar uma decisão que eles receberam o sinal definitivo de que aquela era a decisão correta: uma carta informando que a casa alugada pelos dois estava prestes a ser demolida. Sofie, 37 anos, ficou convencida. “Quantos sinais dos céus são necessários?”, perguntou ela a Olthof.

Depois de alguma hesitação, em março de 2011 o casal comprou a capela de 1928, que era usada pela Igreja Holandesa Reformada, 130 mil (cerca de US$393 mil), e se puseram a transformá-la em um lar.

Como Olthof é arquiteto e Sofie é estilista e principal decoradora das lojas da grife Gant, os dois se encarregaram sozinhos do planejamento e redesenho. O conceito criado por eles é simples: limpar (em outras palavras, reduzir a construção aos seus elementos essenciais); isolar (dar ênfase aos mais interessantes dentre esses elementos ao cercá-los com bastante espaço); e mobiliar (sem exagero).

“Optamos conscientemente por deixar vazia parte do imóvel com o maior número possível de cômodos, mas mantendo mínimas as demandas para reter a característica espaçosa do edifício”, disse Olthof. “Queríamos mudar o mínimo possível.”Ainda assim, foi necessário fazer uma obra de grandes proporções. Foi preciso retirar várias caçambas cheias de entulho, bem como três tetos, um chão de madeira, parte do revestimento das paredes e uma edícula erguida nos anos 1960. A reforma chegou ao fim em junho de 2012 e custou cerca de 250 mil euros (R$ 755 mil).

A transformação é uma interessante mistura entre o divino e o profano.Os visitantes são confrontados com um mural em tons foscos de cinza retratando anjos e um interior de estuque branco que brilha com a luz de vitrais restaurados mas também com uma escada vermelho-sangue que leva à suíte principal, no segundo andar. A escada é abrigada por uma estrutura moderna feita com partes do antigo assoalho da igreja que também funciona como armário para utensílios de cozinha. A posição antes ocupada pelo altar abriga hoje o escritório. Perto da entrada, ficará o berçário (o casal espera gêmeos para agosto). E o jardim do monastério foi transformado em um ambiente externo com cadeiras, onde um rebanho do que eles chamam de “ovelhas perdidas”ovelhinhas de madeira - pasta na grama.

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“Temos um lema que resume para nós a essência da casa: celebre sua criança interior, mantenha-se uma pessoa pura, brincalhona, exploradora e um pouco levada”, disse Olthof. “Honramos a santidade, mas trazemos algo de inocente e travesso a esta forma moderna.”

Tradução de Augusto Calil 

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