Dupla de designers leva primeiro Leão em Cannes da história do Brasil

Prêmio foi concedido a um produto da área médica, de plástico injetado: a Confete, primeira capa adaptável para prótese de perna produzida em massa no mundo

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Por Marcelo Lima
Atualização:

O primeiro Leão de Cannes da história do Brasil em design de produto foi concedido a um produto da área médica, de plástico injetado: a Confete, primeira capa adaptável para prótese de perna produzida em massa no mundo. À frente do projeto, Maurício Noronha e Rodrigo Brenner, da Furf Design, estúdio que construiu em apenas seis anos uma rara reputação em se tratando de profissionais tão jovens, em função da qualidade global e responsabilidade social de seus projetos. Via de regra, temperadas por altas dose de humor e irreverência. “Receber tal reconhecimento mostra que estamos navegando pelas águas certas”, como afirmou Brenner, que ao lado do sócio, falou ao Casa.

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De onde vem o nome do estúdio e o que melhor caracteriza um projeto Furf?

Maurício Noronha: Gostamos muito de trabalhar com cores. De certa forma, nos sentimos um pouco pescadores e, em nossos projetos, elas surgem como iscas para evocar sentimentos e lembranças. Por outro lado, cada objeto que projetamos acaba se revestindo de um significado especial para nós. De uma essência, de uma alma, de uma bossa. Ainda que consideremos nossos produtos meros coadjuvantes na vida das pessoas. Acreditamos que a mais bela história é a de cada uma delas e não a que criamos. Nós apenas tentamos expandir a consciência de todos para a poesia que pode estar presente no dia a dia, para a possibilidade de fazer um pouco melhor nossa passagem pela Terra. A este desejo, a esse estado de espírito resolvemos dar o nome de Furf.

Como definiriam os interesses atuais e futuros de vocês?

Rodrigo Brenner: Somos obcecados por simbologia, pela busca da eternidade e pela evolução da raça humana. Design é o caminho que encontramos para realizar um pouco disso. Com esta visão holística, desenhamos para as mais diferentes áreas como joalheria, móveis e até próteses, como esta com a qual fomos premiados em Cannes. Com algo que não é muito usual no chamado design brasileiro. Aliás, adoramos o quanto isto é um tanto provocativo! Um projeto com generosas doses de poesia e business, desenvolvido com uma empresa brasileira, a carioca Ethnos. Um exemplo evidente de como uma boa parceria pode, de fato, impactar a economia. Por isso, estamos sempre em busca de pessoas e empresas que não apenas sonhem grande, mas também que tenham coragem de agir e ousar.

Neste sentido, a Furf, apesar de pouco tempo no mercado, tem estreitado seus laços com a indústria. Qual a fórmula do sucesso?

M.N: Antes de tudo, é importante estar em contato com potenciais parceiros. Daí nosso interesse em participar de eventos de peso, como as Semanas de Design de Milão (Itália) e de Shenzhen (China). Acreditamos que essa vivência é importante para o aumento da percepção de valor dos seus produtos e na criação de mais oportunidades de negócios.

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Mas é bom lembrar que bom design gera bons negócios. E bons negócios criam um elo de confiança entre sonhadores e realizadores. Diria que alinhar expectativas, saber onde cada parte quer chegar, é fundamental.

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