Em sua última incursão pelo interior do Brasil, Marcelo Rosenbaum, eleito Designer do Ano pela feira Made, trouxe consigo uma vigorosa coleção de peças. Desenvolvidos por cinco designers para o Clube dos Colecionadores do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), são objetos que ilustram suas mais íntimas convicções. “Foram feitos por pessoas que usam sua ancestralidade como forma de sobrevivência. Resistindo, com esperança e fé”, disse ele nesta entrevista ao Casa.
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Como se sente tendo sido eleito Designer do Ano? Reconhecimento é uma sensação única. É como se uma voz me falasse: é isso aí, continue fazendo isso. Uma enorme gratidão enche meu ser de alegria. Por outro lado, a indicação aumenta e fortalece a minha responsabilidade de, por meio do design, redescobrir o Brasil, os seus talentos, as suas belezas.
Você tem uma forma muito particular de abordar a questão da espiritualidade no design. Como tal conceito norteia seu processo criativo? Não vejo o design como um simples ato de desenhar objetos. Acredito no design como processo para nos relacionarmos com outras culturas e pessoas. Essa aproximação é muito mais importante que o produto final, que é somente o lado visível. Acredito na multidimensionalidade das coisas. Para mim, tudo está interligado e conectado. Sempre busquei compreender quem sou e qual meu papel nesta vida. A partir das minhas andanças pelo Brasil profundo, entendi que posso me colocar a serviço de um propósito maior: ajudar a dar voz e reconhecimento a todo o riquíssimo material humano existente em nosso País. Desde então, venho trabalhando com pessoas das mais diversas localidades, tendo como base uma metodologia que pode ser dividida em três etapas: descobrir, a partir do estímulo e reconhecimento que cada um tem da sua memória e história; despertar, chamando a atenção do indivíduo para o coletivo; e, por fim, potencializar, quando jogamos nosso trabalho para o universo, conclamando mais pessoas a reconhecerem a beleza e a abundância existentes em toda parte.
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Você é também curador do Clube dos Colecionadores do MAM. Como funciona o programa? A cada ano convido cinco designers para desenvolver peças de forma a estimular o colecionismo. Este ano, a inspiração, criação e produção dos objetos se deu após uma imersão de 15 dias na comunidade de Várzea Queimada. Foi um processo profundo de relacionamento com a cultura e os saberes de um pequeno vilarejo no sertão do Piauí. A presente coleção é a materialização de tudo isso.