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Décor high society

Lourdes Catão, ícone da sociedade carioca, mostra seu apê em prédio art déco no Rio

Por Susy Dissat
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O living do apartamento, com móveis trazidos do antigo endereço em Nova York. Foto: Kitty Paranagua   A frase pode até ser batida, mas a primeira vez a gente nunca esquece. E a primeira vez que se entra no Edifício Biarritz, na Praia do Flamengo, marco do art déco do Rio, é como penetrar num endereço secreto. Projetado em 1940 por Henri Sajous e Auguste Rendu, é lá que mora a decoradora Lourdes Catão, ela própria um dos ícones do high society carioca nos anos 50 e 60, ou, como dizia o colunista Ibrahim Sued, uma das "locomotivas" da cidade. Casada em primeiras núpcias com o engenheiro Álvaro Catão, Lourdes evoluía entre jantares, festas e viagens até que, já com três filhos crescidos, se apaixonou pelo industrial francês François Gobin-Daudé, casou-se e foi para Paris, onde morou de 1972 a 1977. Seu destino seguinte foi Nova York, cidade que não abandonou mesmo depois de ter se separado, em 1980, do segundo marido. Em 2004 vendeu tudo o que tinha - um apartamento na 5ª Avenida e uma casa de campo de 1814 em Connecticut - e voltou para o Rio, para ficar ao lado do filho Antonio, que, doente, morreu. Hoje se divide entre o Rio, Santa Catarina (onde tem uma casa) e Mato Grosso do Sul, onde sua filha Bebel Klabin, também decoradora, possui uma fazenda. "Ela tem um estilo parecido com o meu, é minha sucessora", diz Lourdes, que passou parte da vida numa bela casa na Urca, cenário da primeira Casa Cor Rio, em 1991. Para Nova York ela continua a ir com frequência. Vez por outra dá um pulo em Nassau, nas Bahamas, onde mora seu primogênito. E como uma socialite, sem nunca ter trabalhado, se torna uma decoradora de sucesso em Nova York com projetos divulgados na imprensa especializada? "Eu queria ficar em Manhattan, mas precisava fazer alguma coisa; então pedi a uma amiga brasileira, a decoradora Maluh Futcher Pereira, casada com um diplomata, que me deixasse ajudá-la", lembra. Lourdes não tinha experiência, só sabia arrumar a própria casa, mas deu certo. "Depois que o marido de Maluh foi transferido para Portugal, fiquei na profissão por conta própria." Engana-se quem pensa que ela só circulava entre os brasileiros endinheirados - Lourdes tornou-se a queridinha de europeus, americanos e muitos sul-americanos. "Todos os clientes me deixavam à vontade para decorar. E todos viraram amigos", afirma. Ela decorou várias sedes de bancos, em Nova York e Miami, além da embaixada do Brasil, na época do embaixador Sérgio Corrêa da Costa. Seu último apartamento passou para as mãos de Amalita Fortabat, a dama do cimento argentino. "Em Nova York sempre morei no Upper East Side. Primeiro numa townhouse da Rua 72, depois na 79, na 57 e, por fim, me fixei na 5ª Avenida. A razão de ter me mudado tanto foi porque muitos se apaixonavam pela decoração e resolviam ficar com os apartamentos. Só de casas de campo tive quatro, duas delas em Bedford", diz. De volta ao Rio, no Biarritz, ela se instalou em um dúplex no térreo, com jardim interno, chafariz, árvores e bancos. "O apartamento tinha sido de Lúcia e Harry Stone e reformei. No andar de cima, os três quartos transformei em dois", conta ela. Com cerca de 300 m², o imóvel é recheado de peças acumuladas ao longo do tempo. Eclética, ela gosta de misturar móveis franceses, ingleses e chineses. O living, segundo ela, é exatamente igual ao de Nova York. As paredes pintadas de cores quentes - vermelho e amarelo forte - destacam o mobiliário, enquanto as estantes exibem coleções de bronzes, porcelanas Ming e Tang, além de um belíssimo aparelho da Companhia das Índias. A pintura de Miró surpreende, mas o quadro do carioca Mário Fraga, com estampa de leopardo, faz sucesso ainda maior. Os sofás e as poltronas foram estofados por S.P. Ferreirinha (a partir de R$ 1.500 a mão-de-obra de uma poltrona) com tecidos que Lourdes trouxe da Clarence House, de Nova York. As sedas das cortinas (montadas por Beatriz Carnevale) vieram da mesma loja. Sem trabalhar mais em decoração, Lourdes hoje se dedica à edição do Sociedade Brasileira - espécie de quem é quem das famílias do País, trabalho antes feito por sua irmã, Helena Gondim, falecida em junho passado.

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