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Cidade aberta

Obra ampliou a vista para a região da Paulista, derrubando paredes e integrando ambientes

Por Natalia Mazzoni
Atualização:
Na área onde antes ficava a varanda, o piso de mármore foi mantido e restaurado, assim como as esquadrias de ferro Foto: Zeca Wittner/Estadão

A paixão do morador deste apartamento por São Paulo não está demonstrada só na bandeira, original da Revolução de 1932, pendurada na parede. O imóvel, de 1960, fica na região da Avenida 9 de Julho, pertinho da Paulista, e tem como vista um dos principais cartões postais da cidade: o Museu de Arte de São Paulo (Masp). 

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Mas mudar para um imóvel com a localização dos sonhos guardava um desafio. Era preciso fazer uma grande reforma, já que o apartamento estava totalmente descaracterizado e mal conservado. “Refizemos todas as instalações para resgatar sua aura. Durante a obra, descobrimos muitos revestimentos originais, que fizemos questão de conservar”, diz a arquiteta Mariana Andersen, do Casa 14, escritório responsável pelo projeto.

O ponto de partida foi incorporar e valorizar a vista para o Masp. Para isso, a área social do imóvel de 135 m² foi ampliada, o que tomou o espaço de um dos três quartos, que ficava na frente. “Somamos isso à extensa varanda marcada pelas largas janelas de ferro ao longo de toda a sala. Para ter a sensação de um espaço amplo e voltado para o exterior também eliminamos algumas paredes do living”, comenta Mariana Guardani, que também assina o projeto.

Além do novo layout da área social, a obra incluiu a substituição de todas as instalações elétricas e o trabalho minucioso de restauro, recuperando itens originais como o piso de mármore da varanda e do hall de entrada, os tacos de madeira da sala e dos quartos, as esquadrias de ferro da sala e as portas de madeira maciça. “Para seguir a mesma linha do resto da casa, no banheiro instalamos um modelo de azulejo branco, louças e metais que remetem ao estilo da época”, explica Mariana Guardani.

Para valorizar a estrutura que apareceu depois da demolição das paredes, as arquitetas optaram por deixá-las sem pintura, destacando pilares, vigas e lajes. Foi assim que a coleção de livros do morador ganhou um novo lugar. “A prateleira superior do living surgiu quando demolimos algumas paredes. Originalmente, ela servia para esconder a caixa de persianas, quando a vimos gostamos muito da ideia de transformá-la em suporte. O mesmo aconteceu com o encanamento, que foi pintado na cor grafite.” No lavabo, o revestimento novo de ladrilhos hidráulicos forma o desenho da calçada típica da cidade.

A opção por ter poucos itens de mobiliário veio da ideia de valorizar o que as arquitetas chamam de “vazios estratégicos”. “Isso nos dá a impressão de estar em um loft. O destaque fica por conta de algumas obras de arte, como o grafite do Kboco e a gravura de Stephan Doitschinoff. E da paisagem urbana que se mostra na janela, é claro.”

À prova de barulho

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Morar em um dos pontos mais agitados de São Paulo tem seu preço. E não estamos falando apenas do valor do imóvel: investir em boas janelas antirruído pode ser essencial. Neste apartamento, elas foram instaladas nos quartos. Antes da compra é preciso verificar o modelo mais adequado ao nível do seu problema – quanto maior a espessura do vidro, maior é o isolamento acústico. Para sons mais graves, como os vindos de caminhões, por exemplo, é indicado investir em vidros triplos. Há modelos especiais que podem ser instalados pelo lado interno do cômodo, para não alterar a fachada do prédio, como costumava acontecer até há pouco tempo. Antes de decidir fazer esse investimento, no entanto, é recomendável colocar na conta o gasto com ar-condicionado, já que as janelas, em caso de bairro muito barulhento, vão permanecer na maior parte do tempo fechadas.

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