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Casa foi construída a partir de azulejos trazidos de Portugal

Painéis do século 18 nortearam a construção e deram o tom da decoração de imóvel em Alphaville, na Grande São Paulo

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Os painéis de azulejo contornam todo o hall de entrada da casa projetada por Maurício Nóbrega Foto: Zeca Wittner/Estadão

Os painéis de azulejos portugueses do século 18, que antes adornavam as paredes de um convento, foram o ponto de partida para o projeto desta casa em Alphaville, em Barueri, na Grande São Paulo. “Todo o processo para que eles chegassem ao Brasil, depois da autorização do patrimônio histórico de Portugal, levou um ano e meio. Chegou um momento em que estava quase tudo pronto no projeto, mas tivemos de parar e esperar os azulejos”, conta o arquiteto carioca Maurício Nóbrega, responsável pela arquitetura e pelos interiores da casa, por onde se veem obras de arte em todos os cantos.

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“O principal desafio que tive foi conceber uma casa moderna e leve, como queriam os moradores, sem abrir mão de nenhuma das peças colecionadas pelo proprietário, todas clássicas”, conta. A composição do acervo com mobiliário moderno e a disposição das obras de forma mais agrupada – “sugerindo, de fato, uma coleção” – foram medidas decisivas para o resultado obtido, acredita o arquiteto. “Criamos um contraponto entre as obras clássicas e a marcenaria da Etel, esta também um clássico do mobiliário moderno.”

Quando, finalmente, chegaram ao Brasil, em dois lotes, os painéis foram instalados no hall, com pé-direito duplo, e na sala de jantar. Para se ter uma ideia da importância dos azulejos no projeto, a medida das paredes do cômodo de entrada da casa, ao redor do qual se dividem os demais, foi definida pelo tamanho dos painéis. 

E o azul das peças também acabou influenciando algumas escolhas de cores da decoração, como se vê no estar, com paredes de um tom escuro, destacando os quadros, e no tapete do jantar. Neste cômodo, aliás, para posicionar o painel, que ocupa quase uma parede, Nóbrega teve de mudar de lugar a porta de um louceiro. Ali, novo e antigo se completam perfeitamente: na mesa com tampo marchetado que já pertencia ao morador e agora está cercada por cadeiras revestidas de couro, bem como nos aparadores de madeira suspensos, com divisórias em diferentes formatos, desenhados pelo arquiteto Isay Weinfeld para a Etel, que acomodam sopeiras da Companhia das Índias. 

Às claras. Contribuindo para a leveza buscada pelos moradores, todos os ambientes têm portas de correr ou janelões de vidro que se abrem para o jardim. E nos banheiros e lavabo um pequeno jardim de inverno leva mais luz natural aos espaços. Assim, durante o dia, todas as lâmpadas podem permanecer apagadas. O que não significa que não foi dada a devida atenção ao projeto de iluminação, pelo contrário, à noite, a área externa se valoriza ainda mais com os pontos de luz. Além do gramado pensado para as brincadeiras dos netos, sobrou espaço para piscina, que chega até a entrada da sauna, sala de ginástica e uma horta, plantada um nível acima do jardim. 

Apesar de ter sido construída em três pisos, a casa é acessível, a pedido dos moradores: eles pretendem morar ali definitivamente e queriam que em todos os lugares houvesse espaço suficiente para circular com uma cadeira de rodas, caso necessário. Assim, é possível descer do carro na garagem e já entrar no elevador que vai até o piso dos quartos. E as portas de todos os cômodos têm o batente mais largo que o convencional. 

Entregue a tempo de a família passar o Natal na casa nova, o lugar nem parece que acabou de ficar pronto, tal a impressão que passa de ser muito bem vivido. “Essa é uma característica importante do meu trabalho. Gosto de puxar pela história do cliente, pelo que ele já tem. Não é porque a casa é nova que não se pode levar nada da velha morada”, afirma Nóbrega. Sem dúvida, a presença dos móveis antigos e da coleção de peças de arte dos moradores levou um tanto de história para lá.

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Fachada dos fundos do sobrado Foto: Zeca Wittner/Estadão
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