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'Casa é pele', diz Jum Nakao

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Por Redação
Atualização:

É atrás de uma porta de garagem em uma rua da Vila Clementino que Jum Nakao cria. O cenário é caótico, mas o estilista não se perde em meio à confusão visual. Sabe bem o que quer. O desfile dele na São Paulo Fashion Week em 2004 ainda ecoa na mente de quem viu. Criações de papel cortadas a laser eram rasgadas pelas modelos ao final, provocando comoção e fazendo pensar, entre outros aspectos, sobre a efemeridade da moda. Desde essa espécie de clímax, Jum não produziu muito mais roupas, mas passou a atuar em outras áreas, como o design de móveis a partir de imagens afetivas. "A roupa é um objeto ao redor do corpo. Em uma escala maior, a casa também é uma pele", diz.

 

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Mais do que emprestar estampas para tingir produtos, o profissional tem mergulhado no fazer design. Aqueles mesmos cortes a laser compõem, por exemplo, uma poltrona metálica que concebeu e está à venda na A Lot Of. Para a mesma loja, fez interferências com tecidos produzidos por uma comunidade carente do bairro do Brás em assentos assinados por Michel Arnoult, um dos precursores do móvel seriado no Brasil. Há ainda a estante vertical, com módulos pivotantes, a ser lançada pela Tok&Stok. Nessa peça colorida, parece ficar evidente um traço de influência na obra do autor: o lúdico.

 

 

 

Em busca de um design mais "humano e holístico", Jum prossegue em seu caminho – aliás, muitas vezes feito de bicicleta. "É bom ser gauche", comenta. Quando criança, uma professora o ensinou a desenhar uma maçã, indicando que começasse por misturar vermelho e amarelo para, aos poucos, chegar à casca da fruta. "Descobri, com isso, que as coisas não são feitas apenas de contorno", divaga o paulistano de 42 anos, que, pela essência de sua produção, foi recentemente homenageado na Holanda, onde teve convite para ser exilado intelectual. Recusou.

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