Designer utiliza conceitos das artes plásticas em seu processo de criação

Das artes plásticas até a indústria, conheça a trajetória do arquiteto Ronald Sasson

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Por Marcelo Lima
Atualização:
A mesa de centro Jangada, recém-lançada pela Herança Cultural Foto: Claudio Fonseca

Ronald Sasson é o mais novo integrante do time da Herança Cultural, galeria de design contemporâneo instalada no Alto da Lapa, em São Paulo. Bastante confortável no espaço – Sasson tem suas origens fincadas nas artes plásticas – ele chega acompanhado de um veterano na casa, o designer e arquiteto Arthur Casas, que também apresentou sua mais nova coleção na semana passada. Ambos sob a curadoria do galerista Pablo Casas. “A formação em artes me deu uma visão do design pelo viés do uso e equilíbrio das cores. Depois veio a mudança para a Serra Gaúcha, onde me sinto em permanente contato com a indústria. Essas duas vivências moldaram meu traço”, como afirmou o designer nesta entrevista ao Casa.

O designer Ronald Sasson se mudou paraGramado, com o desejo de ficar mais próximodas grandes indústrias moveleiras Foto: Claudio Fonseca

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Como as artes influenciaram seu trabalho como designer?

Como artista abstrato, fundamento minha pesquisa na busca por equilíbrio e proporção de volumes e cores. Pode parecer distante a relação entre as duas atividades, mas para mim elas têm relação direta. Como em uma tela, economizar nos detalhes e pesar bem os volumes é fundamental no design. Procuro explorar arestas, inovar nas formas e nunca deixar que um componente da peça se sobressaia ao todo.

Você está baseado em Gramado. Como é atuar fora do tradicional eixo Rio-São Paulo?

Escolhi a cidade porque ela fica perto das grandes indústrias moveleiras. A capacidade de produção da região e a cultura construtiva das pessoas é o que melhor representa meu pensamento como designer. Meu trabalho tem um forte dado industrial: gosto do começo, meio e fim. E por estar diariamente nas fábricas, consigo otimizar bastante o processo. No entanto, é no Rio e, principalmente, em São Paulo onde tudo acontece, as principais publicações e eventos. Por isso, tento compensar a distância visitando com frequência as duas metrópoles. Ainda que tranquilidade criativa e a possibilidade de estar em contato permanente com o chão de fábrica façam com que eu não queira trocar minha base de maneira alguma.

A poltrona Nin, de aço inoxidável curvado Foto: Claudio Fonseca

O que as peças da atual coleção para a Herança Cultural têm em comum?

Penso que esta coleção lança um olhar, muito direto, para a questão da feminilidade. A Poltrona Corpo, por exemplo, feita em homenagem ao grupo mineiro de dança, é uma poltrona de madeira maciça e sinuosa, como em um bailado. A Poltrona Nin, executada pela metalúrgica paulistana Mekal, de aço inoxidável, com partes polidas e outras não, é também uma peça de inspiração bastante feminina, com suas formas arredondadas e curvas generosas, base que lembra um quadril e encosto de espessura delicada. Por fim, temos a mesa de centro Jangada, que não tem uma relação tão direta assim com o corpo da mulher, mas traz no seu desenho o DNA da Herança Cultural, com suas ripas de madeira maciça, que remetem às típicas embarcações nordestinas.

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