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Alma escandinava

Inspiração nórdica e mobiliário brasileiro: receita do sucesso deste apartamento decorado por Patricia Martinez em São Paulo

Por Marcelo Lima
Atualização:
O living do apartamento, com destaque para o tapete com grafismos Foto: Marcelo Lima

Poucos acontecimentos foram mais decisivos na trajetória profissional da arquiteta paulistana Patricia Martinez do que aquele inesperado convite para expor na Suécia, durante o verão de 2007. “Participei da Casa Cor Estocolmo e passei dois meses por lá. Foi um momento de preciosa troca. De consolidação de uma visão estética que, desde então, nunca mais deixei de perseguir”, conta.

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“Nos países escandinavos, eles procuram levar a simplicidade ao limite. Os espaços muitas vezes são até austeros de tão simples. No entanto, a despeito de todo esse rigor, eles exalam uma sensação única de calor e aconchego. Um desejo de estar em casa que me agrada muito”, resume ela, que acaba de concluir o projeto de interiores deste apartamento de 320 m², no bairro de Moema, onde a inspiração nórdica, mais uma vez, se faz sentir.

“Tudo o que meus clientes – um jovem casal, com três filhos pequenos – não abriam mão era de dispor de uma área social generosa, já que é por lá que eles passam a maior parte do tempo”, diz a arquiteta, que, de imediato, optou por conectar living, sala de jantar e varanda. Além de unificar o projeto das suítes das crianças. “O desenho é o mesmo. Só o que muda são os detalhes da decoração”, diz.

“Por causa das condições climáticas, os escandinavos aprenderam a viver em casas menos ornamentadas, mas esteticamente mais elaboradas”, afirma Patricia, que, fiel a esses princípios procura não descuidar de nenhum detalhe na hora de compor seus projetos. A começar pela escolha dos acabamentos.

Com base neles, a ideia foi construir um entorno suave e acolhedor, com paredes branco-neve e assoalho de madeira e porcelanato (presente no hall de entrada, galeria, varanda, lavabo e banhos). Na prática, delimitar um grande contêiner, pontuado por pitadas pálidas de azul e vermelho – com destaque para a divisória de madeira ripada, logo na entrada – e apenas esparsamente preenchido por móveis e objetos. 

Peças escolhidas a dedo pela arquiteta, que levam a assinatura de alguns de sues designers favoritos, como Carlos Motta, Etel Carmona e Jader Almeida. “São criadores que manifestam uma compreensão genuína do uso da madeira, um dos meus materiais preferidos, por imprimir calor e textura aos ambientes. Os móveis que eles desenham são discretos, elegantes, bem cuidados, mas nunca óbvios”, pontua.

Dadas as condições locais, especial atenção foi também dedicada ao projeto de iluminação. “Como o living possuía apenas duas janelas estreitas, optei por unificar a iluminação por meio da instalação de brises de madeira em toda a extensão da parede”, explica a arquiteta, que dotou o restante da área social de uma iluminação de tipo perimetral com o objetivo de proporcionar a sensação de um pé direito mais alto.

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Solução igualmente de efeito, o grafismo acentuado do tapete bicolor do living cria uma vibração inusitada no contexto da decoração, que exibe uma paleta de cores rebaixada, com ênfase nos tons pastel. “Acredito que o luxo não pode ser desvinculado da funcionalidade. Uma vez que cada objeto da casa tenha sua função, a decoração se torna consequência”, afirma Patricia, sintonizada com o mais bem guardado segredo dos interiores escandinavos: a percepção de que a grande beleza repousa na utilidade.

Por dentro do estilo

Caracterizado pela simplicidade de formas, minimalismo de composição e apego à funcionalidade, o estilo de decoração que se convencionou chamar de escandinavo surgiu na década de 1950, simultaneamente na Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia. Países que, por experimentarem longos invernos e relativa escassez de luz solar, impõem um desafio de dupla ordem a seus designers e arquitetos: a eles cabe criar não apenas ambientes com condições de luminosidade aprimorada, mas, igualmente, acolhedores.

Assim, avessa a ornamentos e tendo como pano de fundo o conceito de que beleza e funcionalidade são indissociáveis, uma casa tipicamente escandinava tem nos brancos, beges e azuis seus tons dominantes. E nas matérias-primas naturais – sobretudo a madeira, os couros e as peles –, a base de seus móveis e objetos.

Outra característica marcante é a presença de um único elemento de destaque – um tapete, uma cortina ou uma divisória – com colorido vibrante ou exibindo grafismos acentuados, capaz de servir de contraponto a todo rigor de seu entorno.

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