Quiropraxia entra em debate após morte de modelo; veja cuidados no tratamento

Causa da morte teria sido rompimento de artéria por erro de quiropraxista

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Por Luiza Pollo
Atualização:
 Foto: Reprodução/Pixabay

A causa da morte de Katie May, modelo da Playboy conhecida como ‘Rainha do Snapchat’, teria sido o rompimento de uma artéria no pescoço após consulta com um quiropraxista, segundo um porta-voz da Justiça em Los Angeles.

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Katie morreu em fevereiro, depois de ter caído durante uma sessão de fotos. Segundo o site TMZ, ela achou que havia lesionado um nervo e procurou um quiropraxista, que teria ocasionado a lesão em uma artéria do pescoço da modelo de 34 anos.

O procedimento terapêutico é definido, no projeto de regulamentação da profissão que tramita na Câmara dos Deputados, como "o que se utiliza de força controlada, alavanca, direção específica, baixa amplitude e alta velocidade em segmentos articulares específicos e em tecidos". A quiropraxia trata disfunções motoras "que envolvem alterações em tecidos nervosos, musculares, ligamentosos, vasculares e conectivos", ainda segundo o texto.

Roberto Suzano Bleier Filho, presidente da Associação Brasileira de Quiropraxia (ABQ), afirma que é preciso ponderar a conclusão do atestado de óbito da modelo. Segundo um estudo conduzido no Canadá, entre 1988 e 1997, a chance de dissecção da artéria é de uma em cada 8,6 milhões de manipulações da cervical. O estudo levou em conta o número de pacientes atendidos por 10% dos quiropraxistas do país e o número de consequentes Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) diagnosticados por neurologistas.

“É muito complicado comprovar cientificamente que a lesão foi causada pelo ‘ajuste’ feito pelo profissional, isso se ele ajustou”, afirma Bleier Filho. Em nota oficial,  a ABQ afirma: "As informações obtidas até aqui são contraditórias, dizendo que o acidente foi ocasionado por uma queda durante uma sessão de fotos, ocorrida em janeiro. O próprio irmão da modelo teria afirmado que a causa da morte foi um problema na artéria carótida em decorrência desse acidente." 

No entanto, Bleier Filho pondera que é preciso tomar muito cuidado ao procurar esse tipo de tratamento. “Tem muita gente falando que faz quiropraxia e na verdade não é quiropraxista”, alerta. O profissional precisa ter feito graduação para poder atuar na área. Atualmente, apenas a Universidade Anhembi-Morumbi, em São Paulo, e a Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS), oferecem o curso. Ambas têm convênio com instituições dos Estados Unidos, onde surgiu a prática.

Bleier Filho aconselha entrar no site da ABQ e acessar a lista de profissionais associados. Como a regulamentação da profissão ainda tramita na Câmara dos Deputados, ele explica que a associação não tem poder fiscalizatório, mas pede que eventuais profissionais não associados sejam reportados à ABQ. 

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Durante a consulta, Bleier Filho afirma que é necessário comunicar qualquer desconforto ao quiropraxista. “O paciente também precisa, como em qualquer atividade, ficar atento ao seu corpo e respeitar o que estiver sentindo. Ele tem que impreterivelmente comunicar tudo ao profissional.”

Pacientes com osteoporose, câncer, artéria calcificada ou com histórico de cirurgia na coluna normalmente não podem ser manipulados por quiropraxistas. No entanto, o presidente da ABQ afirma que o profissional faz uma série de testes e avaliações antes de começar as sessões. 

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