Médicos dão dicas para reduzir riscos em cirurgias plásticas

Saiba quais precauções devem ser tomadas para fugir das complicações em procedimentos estéticos

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Por André Cáceres
Atualização:

A modelo Raquel Santos morreu na última segunda-feira feira, 11, em Niterói, no Rio de Janeiro. A finalista do concurso Musa Brasil tinha 28 anos e sofreu uma parada cardíaca após passar por um procedimento estético que consistia no preenchimento facial da região conhecida como bigode chinês. Ainda não se sabe se há relação entre a intervenção e a morte da paciente, mas o caso mostra que todo cuidado é pouco mesmo nas operações mais simples.

Qualquer tipo de cirurgia é invasiva e oferece riscos. No entanto, tomando as medidas necessárias, muitos perigos podem ser evitados. Apesar de muitos consultórios e clínicas realizarem procedimentos estéticos diariamente, o cirurgião Francisco Alionis Neto afirma que toda cirurgia, seja plástica ou não, deve ser feita em um centro cirúrgico. "Somente esses lugares têm os equipamentos e o suporte necessários”, afirma. “Uma lipoaspiração pequena também é uma cirurgia”, diz o médico.

Segundo especialista, risco de algo dar errado em uma cirurgia plástica é menos de 1% quando todas as precauções são tomadas Foto: Pixabay

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O especialista em face e cirurgião plástico Marco Cassol ressalta a importância de recorrer às técnicas corretas para cada procedimento. No caso de um preenchimento facial como o que foi feito na modelo Raquel Santos, o principal produto utilizado é o ácido hialurônico. “Existem duas técnicas distintas para a inserção da substância: a agulha e a cânula, sendo esta última a mais segura. Com a agulha, pode acontecer de injetar o produto em algum vaso sanguíneo e obstruir, causando a embolização que pode levar à necrose da região. Isso não é fatal, mas é uma complicação muito grave”, completa o especialista.

Outra dica fundamental é prestar atenção aos medicamentos que podem causar complicações. “Um paciente que, por qualquer motivo, use anticoagulante, precisa suspender a medicação antes de realizar o procedimento”, alerta Cassol. “Muitas vezes, as pessoas tomam uma substância desse tipo mesmo sem saber”. Entre alguns dos remédios e plantas comumente utilizados que têm essa função estão o ginkgo biloba, arnica e até o AAS infantil.

Para Alionis, “o mais importante é um médico de confiança em um local seguro”. O médico afirma que qualquer paciente precisa se submeter a exames laboratoriais e de imagem para identificar possíveis problemas. Cassol completa que tão importante quanto os exames é o histórico. Se a pessoa tem sangramentos enquanto escova os dentes, ou feridas que não coagulam em cinco minutos, isso pode ser indício de que há algo errado que pode comprometer a cirurgia. “Muitas vezes, isso não aparece no resultado de um exame. É claro que é importante, mas também é fundamental perguntar ao paciente sobre os medicamentos utilizados e o histórico”.

O paciente também deve ficar atento à duração e frequência das intervenções. “Não só a quantidade pode acarretar em riscos maiores, mas também o tempo de cirurgia”, explica Alionis. O especialista recomenda dividir um procedimento estético longo em várias etapas e respeitar um intervalo de 6 meses entre uma e outra para garantir a cicatrização completa.

Na hora de escolher um médico para realizar o processo, Cassol recomenda procurar um profissional que seja dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia ou cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

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“É importante perguntar se existe uma U.T.I. no hospital em que vai se submeter a esse procedimento”, lembra Alionis. “Fazendo tudo isso, o risco de algo dar errado em uma cirurgia plástica é menos de 1%. Quanto mais se abre mão das precauções, esse número vai se multiplicando”, conclui o cirurgião.

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