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Juro que paro de fumar

Conheça os diferentes métodos para largar o vício e confira os locais que oferecem tratamento gratuito

Por Rodolfo Almeida
Atualização:

Alguns fumantes acordam pela manhã, decidem que vão parar de fumar e nunca mais acendem um cigarro. Nem todos têm essa sorte e, para a grande maioria, largar o vício pode ser uma luta árdua de anos. Mais do que uma questão de motivação, o vício é um problema químico e psicológico que pode afetar gravemente a qualidade de vida. Desde chicletes de nicotina até medicamentos para a ansiedade, existem diversos caminhos para abandonar o cigarro.

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Segundo o doutor Marcelo Paiva, Cardiologista do Hospital Nove de Julho e especialista no atendimento a fumantes, todos os métodos são válidos, mas um dos primeiros passos para parar é entender o próprio nível de motivação e comprometimento. “O vício é bastante complexo e depende de muitos fatores internos e externos. Na maior parte das vezes, simplesmente interromper o hábito de um dia pro outro não é o caminho mais indicado”, afirma.

Isso porque, além da dependência química da nicotina, o vício em cigarro é diretamente ligado à fatores externos, como a rotina e sociabilidade, e psicológicos, como a ansiedade e o stress. Aquele tradicional cigarrinho depois do almoço ou na paradinha para o café acaba se tornando um ritual difícil de abandonar e faz com que o cérebro associe o fumo à sensação de prazer. Assim, o fumante sente a falta não só do cigarro, mas também do hábito de fumar. 
“Além disso, como muitas vezes o vício é relacionado a situações de conflito no trabalho ou na vida pessoal, qualquer acontecimento que abale a estabilidade de quem está parando faz com que a pessoa retome o cigarro como forma de prazer e alívio dessas situações estressantes ”, explica o médico. Uma solução, então, é criar novas associações de prazer, fazendo pequenas trocas que mantenham o hábito da paradinha no expediente, mas substituam o cigarro por outro costume menos prejudicial. 
O exemplo clássico é a troca do tabaco pelo chocolate e outros doces. Mas, segundo o cardiologista, existem opções ainda mais saudáveis. “Como a interrupção do cigarro costuma levar ao ganho de peso no primeiro momento, o chocolate pode se tornar um novo vício, acarretando um aumento no colesterol e até mesmo diabetes”. A sugestão então é tentar a substituição do cigarro por um copo d'água, por exemplo. “Pode parecer muito diferente e difícil no início, mas com o tempo isso se torna um novo sinônimo de pausa para relaxamento – dessa vez muito mais saudável”, aconselha o médico.
Já que um dos maiores malefícios do cigarro está nas substâncias que contêm – são mais de quatro mil, como monóxido de carbono e alcatrão –, os adesivos e chicletes de nicotina facilitam essas trocas. Eles dessensibilizam o organismo e criam novas associações cerebrais que reduzem a dosagem da substância e, consequentemente, a síndrome de abstinência. 
Caso a substituição não funcione, pode ser a hora de procurar um especialista e o auxílio de medicamentos. Estes agem principalmente no controle da ansiedade que leva ao cigarro e, desde que sejam devidamente administrados, podem aumentar em até 40% a chance de sucesso na interrupção do tabagismo. “Mas, no geral, pacientes que não tem um apoio psicológico ou uma forte motivação pessoal não têm muito sucesso apenas com a medicação”, afirma o especialista.
Acima de tudo, o importante para enxergar uma vida sem cigarro é entender as mudanças pelas quais o corpo passa com a interrupção do vício à curto prazo. Após duas semanas, a tosse é visivelmente reduzida. Depois de três, o sangue passa a circular melhor e, com um mês, o aumento na motivação e disposição física é evidente. “É necessário mostrar pra pessoa a diferença que isso vai fazer no seu dia a dia. A partir daí é uma questão filosófica: ela tem de pesar os custos e benefícios e aceitar essa ideia, buscando ajuda”, diz Paiva. 
Acompanhamento médico gratuito
No geral, os fumantes que procuram o apoio profissional para largar o vício têm acima de 40 anos. Entretanto há um aumento na incidência de jovens fumantes e, segundo o especialista, é para essa parcela que o cigarro é um fator de risco mais grave. “Na população mais jovem, o fumo tem um risco cinco vezes maior de gerar um problema cardiológico em comparação aos mais velhos, para quem o cigarro acaba tendo sua influência diluída em meio a problemas de diabetes, colesterol, entre outros”, explica o especialista. 
O apoio médico é realizado por profissionais de diversas áreas, especializados no tratamento psicológico e medicamentoso do fumante. Existem órgãos públicos ou filantrópicos que oferecem estes serviços, como o Sistema Único de Saúde, através do atendimento regionalizado. A seguir, confira uma lista de locais na cidade de São Paulo que fazem o atendimento gratuitamente: 
- Sistema Único de Saúde (SUS): os interessados devem se dirigir às Unidades Basicas de Saúde (UBS) ou postos de saúde mais próximos de suas casas para realizar o tratamento pelo Programa de Atenção ao Tabagismo. Caso o serviço não seja oferecido no local, os pacientes serão encaminhados para centros médicos que o façam, como o Hospital das Clínicas. Além disso, o sistema oferece o serviço de apoio psicológico Disque Saúde, no telefone 136.
- Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod): com triagem às sextas, às 7h30, atende pacientes dos bairros Mooca, Sé e Lapa. R. Prates, 165 - Bom Retiro, Centro. Telefone: 3329-4455.
- Hospital Universitário da USP: oferece um grupo de apoio coletivo. As reuniões acontecem toda segunda-feira, às 9h. Avenida Professor Lineu Prestes, 2565, Ambulatório Sala 14, Butantã. Telefone: 3091-9200. 
- Prevfumo: o Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo faz sessões semanais com apoio de médicos, fisioterapeutas e psicólogos na Rua Napoleão de Barros, 771, 3º andar, Vila Clementino. É preciso agendar uma avaliação inicial no telefone 5904-8046, ou 5572-4301. 
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas: oferece o serviço de apoio psicológico do Vivavoz, no telefone 132.

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