Em alguns países de baixa e média renda os indivíduos mantêm dietas mais saudáveis do que aqueles de países ricos, mas as grandes fabricantes de refrigerantes e salgadinhos passaram a ter em mira as crianças, em prejuízo da saúde delas, de acordo com novos estudos sobre obesidade.
Esses levantamentos, publicados há algumas semanas em edições especiais da The Lancet e Lancet Global Health sobre obesidade, detalham os hábitos alimentares que vêm se degradando no mundo. Pesquisas também mostram a que ponto a propaganda de alimentos pouco nutritivos, a chamada "junk food", aumentou e o número reduzido de países que adotaram medidas para proteger as crianças contra isto.
Alguns países pobres foram bem classificados num estudo que comparou o consumo de 13 alimentos saudáveis (como frutas e grãos integrais) e sete prejudiciais (como coca-cola e gorduras trans) em 187 países. Chade e Mali receberam uma boa nota; logo em seguida vieram o Laos, Mianmar e Guiana, juntamente com a Grécia e Turquia, onde as dietas mediterrâneas são comuns. Entre os países com as piores notas estão o Casaquistão, Mongólia e Argentina. Os Estados Unidos ficaram abaixo da média, com uma classificação pior do que as do Canadá ou México e igual a de Brasil e países da Europa Oriental.
Uma tendência alarmante tem se verificado no Brasil, Vietnã, África do Sul, Índia, México e outros países que enriqueceram: muitas crianças estão com baixa estatura por causa da má nutrição, contudo são obesas.
No Egito, segundo um dos estudos, o atraso no crescimento dos bebês aumentou após 2003 depois de bandos de aves no país serem sacrificados para conter a gripe aviária.
Ao mesmo tempo, a propaganda de refrigerantes, salgadinhos e cereais açucarados para crianças aumentou na televisão, nos aplicativos e jogos online: e os gastos com publicidade da Coca-cola e da Pepsi só nos países árabes aumentaram para 400 milhões de dólares em 2012 em relação aos 40 milhões de dólares de seis anos antes.
O consumo per capita de Coca-cola triplicou no Egito nos últimos 20 anos e o número de lanchonetes McDonald´s aumentaram de quatro em 1994 para 56 em 2013. Uma pesquisa centralizada nos adolescentes egípcios concluiu que um terço deles tem sobrepeso.
Tradução de Terezinha Martino