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Estudo mostra que ficar parado o dia inteiro e não praticar exercícios acelera o envelhecimento

Pesquisadores da Universidade da Califórnia viram que mulheres nessas condições eram biologicamente mais velhas do que as que eram mais ativas

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Por Redação
Atualização:
Pesquisadores viram uma relação entre o sedentarismo e o encurtamento dos telômeros, estruturas que protegem os cromossomos na divisão celular. Quanto mais curtos são os telômeros, maior a idade biológica do organismo. Foto: Pixabay/Reprodução

Ser sedentário não contribui apenas para o ganho de peso. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, realizaram um estudo que reforça outra hipótese: a de que ficar parado e não praticar atividades físicas diárias também envelhece nosso organismo. 

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No estudo, publicado neste mês no prestigioso American Journal of Epidemiology, os pesquisadores analisaram 1.481 mulheres norte-americanas de 64 a 95 anos e viram que as voluntárias que sentavam 10 horas ou mais por dia e faziam menos de 40 minutos de exercício diário eram, biologicamente, pelo menos oito anos mais velhas. O tempo parado era medido com um aparelho, usado ao longo do dia, que verificava o movimento de cada pessoa.

"Nossos achados sugerem que sentar muito em combinação com pouco exercício pode estar associado a um envelhecimento mais rápido das células. Normalmente, quantidades adequadas de atividade física são recomendadas para beneficiar a saúde, incluindo longevidade e envelhecimento saudável", diz Aladdin H. Shadyab, pós-doutorando em reumatologia e geriatria na Universidade da Califórnia e um dos autores do estudo. 

A explicação envolve genética e a interação com o impacto do meio ambiente na forma como nossos genes se manifestam. O E+ explica:

Os telômeros e o envelhecimento. Viver é sofrer de amor, acompanhar os últimos memes, trabalhar bastante e, enquanto isso, colocar células novas no lugar das velhas, por meio da divisão celular. A ciência sabe que alguns maus hábitos, como fumar, comer muita gordura e não praticar exercícios, intensificam essa troca de cadeiras.

Nesse processo de multiplicação, uma célula-mãe dá origem a células-filhas e imprime nelas o seu DNA - isto é, a receita de como elas devem funcionar. A princípio, como resultado dessa divisão, as células-mãe jogariam “no lixo” o finalzinho do seu código genético, não passando por completo a “receita” de como as células-filhas devem agir. Se isso acontecesse, as células novinhas, por não terem consigo todo o script de funcionamento formulado pelo DNA, seriam defeituosas e promoveriam doenças no organismo. 

É aí que entra uma peça-chave: o telômero, uma “capa protetora” localizada na pontinha do cromossomo que o protege e permite que nenhum código genético seja desperdiçado. Quanto maior ele é, mais ele protege o cromossomo. Assim, as células-filhas nascem saudáveis, já com a programação de como precisam funcionar. 

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A decadência dos telômeros. O problema é que essa “capa protetora” fica gasta com o passar dos anos, de tanto proteger os cromossomos após muitos anos de divisões celulares. O tempo é mais forte e, como resultado, acabam por nascer, pouco a pouco, células-filhas defeituosas, com apenas parte do script (o DNA) de como devem agir. Sem essa receita, elas agem de forma errada e, aglomeradas em um tecido, fazem órgãos funcionarem mal - o que explicaria os idosos começarem a ter problemas de saúde. 

Mas não é apenas o relógio que faz mal. Outro fator que estimula a multiplicação das células, para além do envelhecimento, é a agressão a elas, o que ocorre quando você está doente ou se come gordura trans, por exemplo. O exercício físico promove substâncias que protegem você desse dano celular e “poupam” o trabalho dos telômeros. “É possível que mulheres sedentárias por muitas horas e que façam pouco tempo de exercício sejam menos expostas a defesas antioxidantes e anti-inflamatórias [produzidas durante atividades físicas]”, escrevem os autores do estudo. 

Essa relação entre o tamanho dos telômeros e o envelhecimento é que foi reforçada pelospesquisadores da Universidade da Califórnia. 

“O comprimento dos telômeros é visto na ciência como uma medida de envelhecimento celular. Medi-los é ver o potencial que um grupo de células tem de se reproduzir”, afirma Michel Naslavsky, pós-doutorando no Centro Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da USP e especialista em envelhecimento.

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Em outras palavras, o estudo indicou que a falta de exercício e das substâncias anti-inflamatórias e antioxidantes pode contribuir para que os telômeros fiquem menores e, consequentemente, protejam menos os genes. Mexer-se é, portanto, reduzir as chances de que doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2 e outras doenças apareçam. 

“Nossos resultados têm importantes implicações para a população que está envelhecendo, na qual muito tempo de sedentarismo e pouco tempo de atividade física costuma ser a regra”, dizem os pesquisadores. 

Na hora de decidir quanto de atividade física você pode fazer, vale seguir a dica da Organização Mundial de Saúde (OMS) e praticar 60 minutos de atividade física por dia. Movimentar-se e comer bem seguem sendo receitas para uma vida próspera e de qualidade.

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