Estilo de vida tem relação direta com incidência de câncer colorretal

Doença está ligada à alta ingestão de alimentos industrializados como carne vermelha e embutidos, além da associação direta com outros fatores de risco como sedentarismo e obesidade

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Por Redação
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. Foto: Quinntheislander / Pixabay

O câncer colorretal (intestino grosso e reto) é o terceiro tipo mais comum de câncer em homens no mundo, com 746 mil novos casos anuais e o segundo em mulheres, com 614 mil novos casos ao ano. Esta alta incidência, demonstrada nestes números da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC, na sigla em inglês), está diretamente relacionada a hábitos de vida que priorizam o consumo de alimentos industrializados, com elevada ingestão de carne vermelha e embutidos, além da associação com fatores de risco como sedentarismo e obesidade.

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Inserido neste cenário, está o Estado de São Paulo, com maior ênfase à Capital. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) são estimados para 2017 cerca de 11.600 novos casos de câncer colorretal em São Paulo (cerca de 4 mil apenas na Capital), representando sozinho um terço dos 34 mil novos casos esperados para todos os Estados brasileiros. O alerta se estende também para o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Como comparativo, a cada 100 mil homens brasileiros, a prevalência de câncercolorretal é de 28,15 casos em São Paulo e Rio de Janeiro e 27,56 casos no Rio Grande do Sul, enquanto que é de apenas 4,06 casos em Alagoas, 3,57 casos no Maranhão e 3,35 casos no Acre.

"A prevalência de câncer colorretal nas regiões mais industrializadas do Brasil é próxima às registradas nos Estados Unidos e Europa, exceto os países do mediterrâneo, que consomem mais peixes. Isso, epidemiologicamente, está associado ao padrão de alimentação rico em gorduras, embutidos e carne vermelha e pobre em frutas, verduras e fibras", destaca o cirurgião oncologista e diretor do Departamento de Tumores Colorretais do A.C.Camargo CancerCenter, Samuel Aguiar Junior.

A maior preferência por este padrão de alimentação nas populações do Sudeste e Sul do País foi evidenciada em 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa Nacional de Saúde, que avaliou os hábitos de consumo alimentar dos brasileiros. Viu-se, por exemplo, que estas são regiões com alto predomínio do consumo de carnes vermelhas e gordurosas, assim como de baixa ingestão de verduras, frutas e peixes. Comparativamente, em São Paulo o consumo de peixe, pelo menos uma vez por semana, é hábito de 50,5% da população paulista, na região Norte essa taxa sobe para 64,2% e na região Nordeste para 76,7%.

Contudo, explica Aguiar, ter uma alimentação balanceada não é a única medida capaz de prevenir essa enfermidade. "Os alimentos sempre foram tema de estudos na área do câncercolorretal revelam que a adoção de alimentação balanceada, mais natural e menos industrializada, conta pontos a favor da diminuição do risco de desenvolvimento da doença. Mas não há alimentos milagrosos. É fundamental ter em mente que tão importante quanto a dieta balanceada é a adoção de um estilo de vida livre do consumo excessivo de álcool, do tabagismo e do sedentarismo", explica o especialista.

Em linhas gerais, para prevenir o câncercolorretal, é recomendável evitar o consumo de alimentos riscos em gordura ou com corantes e conservantes, assim como de embutidos e alimentos defumados. É importante também não fumar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas. É aconselhada a prática regular de exercícios físicos, a ingestão de alimentos ricos em fibras e o consumo regular e diversificado de legumes, frutas e verduras.

De acordo com Aguiar, os exames de colonoscopia e sangue oculto nas fezes têm o papel não só de diagnosticar a doença em fase inicial, como também, em muitos casos, de evitar que ela ocorra. Isso porque a maioria desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. "Uma maneira eficaz de prevenir a doença em sua forma maligna (câncer) é pela detecção e remoção dos pólipos antes deles se tornarem malignos", explica.

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A alta incidência desse tipo de câncer reforça essa necessidade de um rastreamento por colonoscopia, sendo indicada para homens e mulheres assintomáticos (que não apresentam sintomas) a partir dos 50 anos e com repetição a cada 5 ou 10 anos (de acordo com orientação médica). Caso haja um ou mais episódios de câncer colorretal em parentes de 1º grau a primeira colonoscopia é recomendada a partir dos 40 anos e com repetição anual. A outra opção para o rastreamento, é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, um método menos invasivo, mas que deve ser realizado anualmente. Indivíduos com teste de sangue oculto positivo devem fazer também a colonoscopia.