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Doença cardiovascular é a principal causa de morte entre diabéticos

Pacientes têm até quatro vezes mais chance de ter um enfarte quando comparados com quem não tem diabete

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Por Ludimila Honorato
Atualização:
Pacientes diabéticos têm de duas a quatro vezes mais risco de ter um enfarte do que aqueles que não possuem a doença. Foto: Morguefile/Pixabay

A diabete, geralmente, é associada a consequências como perda de visão, problemas renais e amputação de membros inferiores. Ainda que os pacientes possam ser afetados por elas, poucos se atentam à relação da doença com o desenvolvimento de problemas cardiovasculares, como enfarte e acidente vascular cerebral (AVC), que são a principal causa de morte em dois a cada três diabéticos, segundo a Associação Americana de Diabetes e uma pesquisa da Universidade de Chester, na Inglaterra.

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Em um estudo realizado nos países bascos, os pesquisadores citam que cerca de 80% dos pacientes com diabete tipo 2 morrem em decorrência de complicações relacionadas ao coração. No Brasil, o número de diabéticos cresceu 61,8% nos últimos dez anos, sendo que a do tipo 2 representa 90% dos casos diagnosticados.

"A diabete traz uma série de problemas metabólicos que acabam levando à degeneração dos vasos, das artérias coronárias, o que acaba levando ao entupimento desses vasos", explica o cardiologista José Francisco Kerr Saraiva, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. "Essa inflamação dos vasos, associada ao aumento da glicose e excesso de peso, leva ao estreitamento dos vasos", diz.

Essa inflamação é causada pelo aumento da glicose no sangue, aliado à ausência ou ação inadequada da insulina, o que favorece o surgimento de placas de gordura nas paredes das artérias. Se somarmos a isso o aumento do colesterol ruim, que quando em excesso também se acumula nos vasos, temos um quadro propício ao enfarte, se atingir o coração, e ao AVC, caso as placas se desloquem para o cérebro.

Por isso, além de controlar a glicemia, os diabéticos precisam cuidar dos níveis de colesterol que, no caso deles, deve ser mantido abaixo dos 70mg/dl de acordo com as novas diretrizes estabelecidas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Pessoas que não têm fatores de risco podem ter o índice de até 130 mg/dl.

Saraiva alerta ainda que a diabete aumenta a chance de a pessoa ter fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca que eleva o risco de AVC. A doença faz com que o coração bata de forma descompassada e irregular, favorecendo a formação de cóagulos.

"É preciso cuidar como um todo. Modificar hábitos de vida, ter alimentação saudável, fazer atividade física, gerenciar o estresse - que é muito comum hoje em dia -, monitorar a doença e usar as medicações conforme orientado", recomenda o endocrinologista Luiz Turatti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Ele alerta ainda que pacientes diabéticos têm risco estimado de duas a quatro vezes maior de ter um enfarte quando comparados com aqueles que não possuem a doença.

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Os especialistas alertam também para o controle do peso. A diabete tipo 2 está, na maioria dos casos, associada à obesidade, que também provoca excesso de gordura nas artérias. No País, metade da população está acima do peso, sendo que 18,9% é obesa de acordo com dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2016. Segundo o cardiologista Saraiva, mais de 80% dos diabéticos são obesos.

Falta conhecimento. Em uma pesquisa do Ibope Inteligência, 42% dos 600 internautas e 56% dos 145 diabéticos acham que doença cardíaca pode ser uma consequência da diabete. A pesquisa online foi realizada com homens e mulheres a partir de 18 anos de idade, pertencentes às classes sociais A, B e C e moradores das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Brasília e Belo Horizonte. O cardiologista acredita que se a amostra for maior, a taxa de associação pode ser menor.

A pesquisa também perguntou aos diabéticos qual o maior medo deles em relação à doença: 32% disseram que temem amputar algum membro do corpo, mesma porcentagem para o risco de ficar cego. O menor medo é ter alguma doença cardíaca (3%) ou restrição alimentar (2%).

Com o alerta desses dados, o cardiologista reforça os cuidados que os diabéticos devem ter com a saúde no geral e resume em três pontos. "Fazer prevenção da obesidade, porque temos de prevenir a diabete; controlar a glicose com medicamento; controlar pressão e colesterol", orienta Saraiva. Por fim, caso o paciente tenha algum problema cardíaco, a recomendação é sempre buscar um médico para fazer o tratamento específico.

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