Dia Nacional do Combate ao Sedentarismo lembra importância da atividade física

O impacto da inatividade no organismo acarreta doenças, piora a qualidade de vida e causa morte prematura

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Por Marcela Puccia Braz
Atualização:

O risco de se ter câncer, morte precoce e doenças cardíacas pode ser evitado com a prática de atividades físicas. Esse é o singelo lembrete do Dia Nacional do Combate ao Sedentarismo, fixado em 10 de março. “A base da nossa vida é o movimento. Um animal que não se movimenta vai adoecer”, afirma Cybelle Diniz, geriatra da Unifesp.

Varrer a casa, arrumar o armário, passear com o cachorro e ir à padaria contribuem para uma vida ativa Foto: Johan Appelgren/Creative Commons

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Ainda assim, o sedentarismo representa o estilo de vida de 66% dos brasileiros, conclusão a que chegou a agência de inteligência e pesquisa de mercado Hello Research, em levantamento feito com 1.000 pessoas de 70 cidades do País. A maior parcela dos sedentários do estudo está na faixa etária dos 45 aos 59 anos de idade, e as mulheres lideram o ranking e representam 76% dos entrevistados. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2030 essa inatividade será a causa de 23,3 milhões de mortes no mundo, segundo dados divulgados em 2013.

Na Europa, a ciência não encontrou resultados diferentes: a falta de exercícios mata duas vezes mais do que a obesidade, revelaram pesquisadores da Universidade de Cambridge. O estudo publicado na revista científica American Journal of Clinical Nutrition mostra que apenas 20 minutos de caminhada acelerada por dia podem reverter esse quadro.

A sugestão está alinhada com as recomendações globais da OMS. Quem tem entre 5 e 17 anos deve praticar 60 minutos de atividade moderada a intensa por dia. A partir dos 18 anos, a dose semanal é de 150 minutos de aeróbicos de intensidade média (equivalente a pouco mais de 21 minutos por dia) ou 75 minutos de atividade vigorosa ou uma combinação de ambos os estilos.

“A pessoa imagina que, para sair do sedentarismo, tem que fazer musculação e virar atleta. Não é nada disso. Se você dança, já saiu. Se faz caminhada, já saiu”, desmistifica Solange Frazão, apresentadora e consultora de fitness e welness, que acaba de ser nomeada embaixadora do Movimento Nacional de Combate ao Sedentarismo, da Danone Nutrição. Varrer a casa, arrumar o armário, passear com o cachorro e ir à padaria contribuem para uma vida ativa e fazem diferença, exemplifica a geriatra. “Mas além disso vc precisa de atividade física programada, pelo menos 30 minutos, três vezes por semana”, diz.

Mas, antes de começar, Cybelle salienta a importância de consultar um médico e fazer uma avaliação física, principalmente idosos e adultos de meia-idade. “Precisa ver se o joelho vai aguentar, se é melhor bicicleta, esteira ou fazer exercícios na água, adequar a atividade às condições sociais, físicas, financeiras.”

Motivação. Cybelle explica que manter a regularidade das atividades é essencial para driblar a “bola de neve negativa”, quando a falta da prática torna cada vez mais difícil voltar a ela. Quanto mais a pessoa se movimenta, mais fácil e prazeroso é. “A frequência vai dar ao seu corpo a percepção de que está na hora de fazer exercícios. Se você tem rotina, esse prazer chega mais rápido ao corpo”, adiciona.

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Mesmo observando diversas transformações durante anos como personal trainer, o exemplo mais marcante da importância da atividade física para Solange está no pai. Sedentário a vida toda, teve um enfarte aos 60 anos de idade. Esse foi o ponto de partida para ele e a mulher mudarem de estilo de vida, cuidarem da alimentação e abandonarem o sedentarismo. Como resultado, a diabetes do pai estacionou, e ele precisa de apenas um terço da dosagem de remédios que tomava há 20 anos, quando não se exercitava.

“A maior motivação é mostrar com o dia a dia as mudanças. Hoje meus pais têm mais disposição, dormem melhor e até fazem viagens longas”, conta. A apresentadora aconselha também pensar até qual idade se pretende chegar e com que qualidade de vida. “Amo a vida, não quero deixar minha família, meus filhos e amigos. Mas por que chegar aos 100 anos vivendo sem qualidade?”, questiona.

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