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Saiba quando a cirurgia bariátrica pode ser a solução

 

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Por Ana Paula Scinocca
Atualização:
 Foto: Estadão

 

Quando a cirurgia bariátrica pode ser a solução? Como ela é feita? Qual o perfil dos pacientes que se submetem ao procedimento? À pedido dos leitores interessados pelo tema, o blog entrevistou desta vez o médico Bruno Moreira Ottani, titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Mestre do Capítulo do DF do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Fellow do American College of Surgeons e Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica A seguir, ele fala sobre o assunto e alerta que a cirurgia só pode ser indicada após análise feita por uma equipe multidisciplinar. "Somente depois de um tratamento clínico sem sucesso para perder peso por 2 anos uma pessoa será submetida a cirurgia", afirma.

 

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O que define a necessidade da cirurgia bariátrica em um obeso? É o peso apenas ou outros fatores são considerados?

Bruno Moreira Ottani - Para ter indicação da operação, o paciente deve ter índice de massa corpórea (IMC) superior a 40 kg/m2 independente de ter doenças associadas ou acima de 35 kg/m2 na presença de alguma comorbidade. A lista de comorbidades (doenças associadas a obesidade) é extensa e, no momento, existem 28 doenças relacionadas, entre as quais diabetes tipo 2, hipertensão arterial sistêmica, doenças cardiovasculares, apnéia do sono, dislipidemia e doenças articulares. Recentemente, a idade para indicar a cirurgia também foi modificada. Hoje, pode-se operar a partir dos 16 anos sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar.

 

Como diferenciar uma pessoa que consegue perder peso - e muito peso - sozinha (com dieta e exercícios) daquela que realmente precisa da cirurgia?

Bruno - A indicação da cirurgia deve ser feita por uma equipe multidisciplinar composta por endocrinologista, nutricionista e psicólogo, além do cirurgião bariátrico. Antes da pessoa ser operada, ela deve receber orientações sobre a necessidade de mudanças do estilo de vida, como a prática de atividades físicas e melhora dos hábitos alimentares, além de ser acompanhada pelo endocrinologista para um adequado controle clínico de suas doenças. O psicólogo deve trabalhar questões relacionadas a compulsão alimentar e ajudar na compreensão das mudanças que virão decorrentes da operação. Somente depois de um tratamento clínico sem sucesso para perder peso por 2 anos uma pessoa será submetida a cirurgia. Portanto, todos os pacientes têm a chance de perder peso antes de serem operados. Mas a falha do tratamento clínico nos obesos mórbidos (IMC maior do que 40 kg/m2) chega a 95% segundo alguns estudos.

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Quais os riscos? O que uma pessoa operada deve fazer para evitá-los?

Bruno - Quando a pessoa recebe a indicação da cirurgia recomenda-se que ela perca 10% do peso para diminuir a chance de complicações, intra e pós-operatórias e para ajudar na manutenção da perda de peso, depois do procedimento. Para o procedimento cirúrgico, existem os riscos inerentes a obesidade e as doenças relacionadas. Por exemplo, um paciente obeso com diabetes tipo 2 tem um risco aumentado para infecções por causa dos efeitos do açúcar aumentado no sistema imunológico. Felizmente, existem protocolos para esses casos e, com o avanço das técnicas cirúrgicas, os riscos de complicações operatórias são menores que 1%.

 

Qual a técnica mais utilizada e qual a mais moderna no mercado?

Bruno - A técnica mais praticada no Brasil e no mundo denomina-se Gastroplastia em Y de Roux. Consiste na diminuição do estômago através da criação de um pouch gástrico, reduzindo então o seu volume, e no desvio do intestino inicial, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome.

É verdade que algumas pessoas engordam propositadamente para poder se submeter à cirurgia?Bruno - Infelizmente esse fato ocorre. Apesar de ser uma minoria, e é uma prática perigosa, podendo desenvolver ou agravar doenças.

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É verdade ou mito que alguns pacientes ficam com ossos e cabelos mais frágeis depois da cirurgia?Bruno - Em decorrência da diminuição do tamanho do estômago e do desvio intestinal, muitos micronutrientes, como ferro, vitamina B12, ácido fólico, deixam de ser absorvidos na sua totalidade e com isso os anexos (unha e cabelos) podem ficar enfraquecidos, mas tal fato costuma ser transitório, ocorrendo no período de maior perda de peso após a operação (primeiro ano).O paciente submetido a cirurgia bariátrica necessita de acompanhamento multidisciplinar frequente para evitar essas deficiências nutricionais, com uso regular de proteínas e polivitamínicos.

 

Até semana que vem!

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