Uma tacinha de vinho e um potinho de azeitonas temperadas no fim de tarde do domingo basta. Basta para dar conta de tudo de ruim na semana. Às vezes é o suficiente para dar conta das frustrações, da falta de generosidade do mundo, dos desencaixes afetivos. God bless o aperitivo. É quase impossível não aproveitar esse tiragosto, mesmo que sejam as famosas bolinhas de amendoim. Tremoço, azeitoninhas verdes e pretas, com caroco, sem caroço. Até doritos serve. Um vinhozinho, uma cervejinha, um refri, uma tônica. Aquela tabuazinha de frios no fim da tarde que te deixa tão estufado que você mal consegue comer depois... mas consegue sim, porque aperitivo não é almoço e nem jantar. É o abre-alas do fim de semana. O primeiro carro a passar na avenida dando a mensagem: "agora pode relaxar. A semana acabou, a dieta parou e não tem hora para recomeçar".
Nada como, ainda no frescor do fim de semana, se jogar em um aperitivinho. Que é sinônimo de amigos, de prolongar o encontro, de aquecimento da vida social. Lógico que aquele aperitivo sem fim perde o sentido -- afinal de contas, o propósito não é deixar todo mundo cheio e ao mesmo tempo com fome, mas é dar aquela forrada, aquele espaço para a risada, aquela aquecida, antes dos elogios do almoço e da soneca depois. É nohappy hour com os amigos, antes do churrasco, na beira da piscina. Ou sozinha em casa mesmo, como agora, escrevendo esse texto em um sabadão calorzinho de outono, com uma tacinha de vinho e algumas muzzarelinhas de búfala temperadas.
Deus proteja quem inventou o aperitivo, esse amor frugal, esse caso passageiro, esse viajante. O aperitivo é a beliscadinha com ar de proibido que todas as blogueiras fitness do mundo condenariam e que nós comemoramos a cada gordurinha: presunto, salaminho, batatinha. Mas vejam só, o aperitivo é bem democrático. Existe a versão light para quem é light: abobrinha temperada, tirinhas de legumes diversos com sal. O importante não é o que será mas é a desculpa para a pausa, para a conversa, para os começos. Quem aí não adora começos?
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