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Reflexões sobre histórias e clichês femininos

Pai

Você sabe que tem aquela tarefa no fim de semana: comprar o presente de Dia dos Pais. Mas é muito difícil. Porque,  via de regra, não é simples presentear as pessoas que admiramos muito.Você olha seu pai. Vê o orgulho que ele sente com a família toda reunida. Mesa grande. Netos puxando os cabelos um do outro. Almoços longos, conversas infinitas: política, música clássica, quadrinhos, a taxa de juros, a falta de civilidade das pessoas, os filmes bons que agora estão de graça na TV. Sobremesa. Cafezinho. Cafezinho 2. Os filhos jogados no sofá assistindo jogo de futebol e tirando uma soneca. A cara de felicidade dele ao ver todo mundo ali, gesticulando, descansando e comendo a torta de limão que ele adora. Resumo: é um paizão.

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Por Marilia Neustein
Atualização:

Cada história horrível que você escuta sobre pais por aí. Pai que some, ausente, egoísta, desinteressado... Você até se sente constrangida de ter um pai tão legal. Um pai que ensina coisas maravilhosas. Que sabe as regras de acentuação. Que esteve sempre perto e interessado na sua vida. Que quer aprender a mandar foto pelo WhatsApp. Como presentear esses pais incríveis? Chocolates, caixa de filmes do Woody Allen, a biografia da Elis Regina. Um cobertor para o pai que é friorento ou um ar condicionado para o que sente calor. As melhores e mais modernas coisas tecnológicas. O mundo inteiro, oras. Eles não merecem? Os pais que seguram a nossa barra sempre, que levaram e buscaram na escola e na balada. Pais que tiveram conversas difíceis em sofás grandes, explicando por A + B como esse mundão é um lugar selvagem e também maravilhoso. Pais que ensinaram que gentileza é uma virtude rara e imprescindível. Como retribuir essa coisa enorme e forte?

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Só esta semana li dois textos sobre as dores e a delícia de ser pai. Cada vez mais existem blogs que falam sobre a paternidade, pais que escrevem livros relatando sua relação com os filhos e amigos que dividem impressões sobre serem pais. Eles estão aí. Eles sempre estiveram aí. E é muito difícil presenteá-los porque são eles quem nos presenteiam e porque, talvez, eles não deem tanta importância assim parapresentes. Às vezes, só a família sentada à mesa atacando uma torta de limão já é suficiente para deixá-los felizes.

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