Talvez chamem isso de epifania, de felicidade, eu gosto de chamar de calma. É uma calma que invade a gente, tira as tensões, elimina a preocupação com o horário, com o compromisso, com essa coisa difícil que é o cotidiano. Essa sensação é subjetiva. É coisa que surge das situações mais comuns e prosaicas, chega até a ser meio bobo: um tomate bonito que você encontra no supermercado,uma amiga querida que liga para contar que está grávida e que te deixa emocionada porque parece que foi ontem que seus pais iam buscar vocês em festinhas, onde tomaram um porre de jurupinga. Tudo porque o afeto é mais legal do que as coisas desanimadoras.
Esse sentimento bom nasce, às vezes, de férias que acenam de perto, chamando para um bom descanso, olhar para casa e ver que ela está do jeito que você gosta, com edredom cheiroso. Surge ao pedir uma comida na sexta à noite e ficar junto com o amor, fazendo maratona de séries. É isso, gente. O afeto é mais legal. Porque, no fim do dia, não é o que você leu no Facebook sobre uma coisa ou outra que vai definir o seu humor. Não é o ódio destilado, as brigas por conta de política ou todas as burocracias de bancos e operadoras de celular que parecem tirar a gente do sério, mas são nossos vínculos afetivos. É emprestar um vestido para uma amiga, tomar café sem pressa no domingo de manhã. É aquele olhar da sua mãe lhe dizendo "sei tudo o que você pensa e sempre vou estar do seu lado". Não é isso que importa na vida?
Temos que aprender a nos comportar novamente. Lembrar que o afeto é mais legal, mesmo. Afinal, os amigos estão aí. Tem vinho, tem cerveja, tem o fim do ano anunciando que está perto. Tem Réveillon para programar, reencontros esquisitos, memes engraçados, churrascos, filhos, soneca na areia. As coisas caminham, enfim.