Sei que esse é um assunto de divide opiniões, mas vou defender aqui essa opção de vida. Quem gosta do horário de verão conhece bem um certo suspiro no fim de tarde. Suspiro de satisfação. É sair do trampo com a luz do dia batendo na cara. É fazer esporte no começo da noite. É acordar com um ar fresquinho da manhã e saber que tem um dia longo -- uma promessa de tempo. Ora, somos um país tropical. Essa é a nossa temperatura, o nosso horário. O dia dura mais, a noite cai devagar, começam os happy hours, drinks gelados, suco de abacaxi, salada.
Horário de verão: seu nome é euforia E, como toda alegria intensa, é passageiro, é verdade. Mas quando chega, é o aviso das coisas boas que vêm por aí: fins de tarde de calor, parque Ibirapuera, rolê de bike, churrascos, crianças na piscina. Sim, ninguém aguenta uma vida inteira feita de verão. É claro que tudo isso cansa, que a gente quer chuva, que a gente quer Netflix em casa debaixo do cobertor. Mas agora o tempo é dele.
Dizem que ele (o horário de verão) foi feito para economia de energia. Mas, para mim, ele é o contrário: nada econômico. É o esbanjar da alegria, faz o sol brilhar mais forte e por mais tempo. Dizem, também, que ele pode fazer mal para o coração, mas eu não acredito. Quem passa pelos bares vê bem as pulsações do verão. Que a gente toda se solta, se deixa ir. Ele é dourado, é pele quentinha depois de um dia de praia, é Aperol e aperitivo. Não dá para viver assim para sempre e por isso gosto também que ele seja temporário. E também não é unânime: deixa algumas pessoas felizes e outras frustradas, assim como a vida. Por isso eu digo para ele: bem-vindo, amigo.