O amor parece estar fora de moda,eu sei. Tem tanta coisa urgente para fazer: mudar o País, se manifestar contra tudo, adotar uma dieta que não tenha agrotóxicos, escolher o textão do dia que você vai compartilhar no seu Facebook e brigar com seu vizinho porque ele para o carro de um jeito que fica ruim para você estacionar o seu. Só que tem qualquer coisa, meio miúda, que faz a gente esquecer (ou fingir esquecer) dessas coisas e ficar até tarde, no domingo de manhã, montando uma playlist com músicas que dizem muito para os dois. Tem a corrupção, um milhão de injustiças, propagandas enganosas, vídeos horripilantes chegando - sem aviso prévio- no seu WhatsApp. Mas, de repente, você é capturada por uma aula bacana da sua pós-graduação. Descobre um livro antigo. Assiste um filme turco sobre cinco irmãs. Você acaba de comer balinhas "haribo" e encosta seu pé gelado no pé quente dele... e é tomada por um sentimento cafona e muito bom.
Não compartilho da ideia de que as pessoas são cada vez mais egoístas e estão menos dedicadas aos relacionamentos. O que vejo, todos os dias, é gente querendo encontrar uma pessoa - ou muitas pessoas, tanto faz - para dividir as coisas da vida. Os trancos, os aumentos, a sobremesa. Cada vez tem mais gente, nesse mundão, buscando dividir. Tarefas, pesos, alegrias. O amor pode até estar fora de moda, pode dar pouca audiência, mas tanto petralhas quanto coxinhas, nas horas livres, buscam a tal tampa da panela (que pode ser uma ou muitas).
Falta cumplicidade? Falta. Falta se colocar no lugar do outro ? Ôooo... Mas, a turma está aí, lutando, se conhecendo, namorando, batalhando para ter grana, para construir uma qualidade de vida que equilibre a vontade do casal. Tem muita genteempenhada em fazer os relacionamentos funcionarem não só para ter um um par para postar no Instagram ou exibir para os outros, mas porque acredita no poder dos vínculos.
Tá puxado, gente, eu sei. Mas nem tudo pode ser maior do que essas pequenas coisas que fazem a gente feliz.
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