Foto do(a) blog

Reflexões sobre histórias e clichês femininos

Briga de amigas

No mais, não vale a pena brigar. Aquela blusinha florida de alcinha que ela nunca mais te devolveu? Deixa estar. Fica bem melhor nela do que em você, provavelmente. Se ela não te liga há três meses, talvez seja porque está realmente trabalhando demais. E se ela te cobra atenção é só porque sente sua falta. Quem sabe, quando o verão chegar, vocês já não terão feito as pazes?

PUBLICIDADE

Por Marilia Neustein
Atualização:

Poucas coisas são tão chatas e pesadas na vida quanto brigar com uma amiga. Não é só chato porque você está brava e frustrada com a situação, mas porque, normalmente, é um conflito incompreensível para quem não está envolvido. Vai tentar explicar para a sua mãe ou para o seu namorado que você está chateada porque está brigada com uma amiga que ama muito. Não entra na cabeça deles como uma mulher feita, bem-sucedida, senhora de si, pode se comportar igualzinho a uma adolescente e ficar deprimida só porque discutiu com uma amiga querida.

PUBLICIDADE

Só quem tem relações fortes com as amigas sabe do que eu falo. Não se briga de verdade com colegas ou amigas passageiras. Elas não fazem nem cócegas nas nossas aflições. Só vínculos de verdade - que são levemente dramáticos - causam brigas. Os motivos, sabemos, são feitos de uma grande mistureba de sentimentos. Coisas bobas, como um brinco emprestado que nunca foi devolvido, caronas (uma quer ir e a outra quer ficar),ligaçõesnão retornadas, ciúme. Briga-se porque uma sente falta da outra, porque cobra-se atenção demais, porque a amiga de infância ficou anos morando fora e nunca te escreveu, porque a amiga da vida resolveu não gostar do seu namorado ou você não gostar do dela. Porque esquecem os aniversários, porque os eventos dão preguiça, porque ela mudou de turma e não tem mais nada a ver com você. Não importa. O fato é: cada vez que a gente briga com uma amiga, fica um buraquinho no peito.

Quem nunca viveu as clássicas cenas de briga? Argumentos descabidos, gestos exagerados, e-mails quilométricos, choros e... abraços. Quando vem a briga com uma amiga realmente querida, a gente não se conforma. É completamente diferente de brigar com o marido ou namorado. É outro tipo de intimidade. A gente sente falta de uma coisa que só existe entre amigas mesmo. De sair de um casamento, na madrugada da vida, olhos borrados, pés descalços, rindo muito. De começar um "regime fictício" juntas - desses que não pode beber cerveja, porque engorda, mas caipirinha pode, porque é 'light'. A gente quer a amiga perto, porque sabe que só ela vai te acompanhar em algum programa mala em pleno sábado à tarde - pela única razão de que ela é sua amiga e ponto. E porque ela nunca perde a paciência com você demorando 78 minutos para passar rímel nos olhos ou reclamando há anos das mesmas coisas sobre as mesmas pessoas.

No mais, não vale a pena brigar. Aquela blusinha florida de alcinha que ela nunca mais te devolveu? Deixa estar. Fica bem melhor nela do que em você, provavelmente. Se ela não te liga há três meses, talvez seja porque está realmente trabalhando demais. E se ela te cobra atenção é só porque sente sua falta. Quem sabe, quando o verão chegar, vocês já não terão feito as pazes?

Me acompanhe no Twitter@maneustein

Publicidade

No Facebook: https://www.facebook.com/blogsemretoques

Leia mais textos do Sem Retoques : http://blogs.estadao.com.br/sem-retoques/

Posts relacionados: Alérgico de todo o mundo univos; Pequenos prazeres MãeMulheres e Copa: um caso de amormulheres solteiras; perfume de mulher Amigas:quem tem sabeserá que vou dar conta? ;  mãetá trabalhando, tá namorando?feita com muito esmero Do que não estava planejadoquando a ficha cai ou não caiamizades tardiasfifi de mulheramor de carnavalo tema das princesas a ditadura do rosa;  a dois;  Fair Playautoestima 2balzacas modernas; alérgicos de todo o mundo cabeceira femininaa labuta de cada dia;  a arte da copilotagemcasa da mãe joanaimagina depois da Copa; por que as mulheres se sentem feias?a difícil arte de dar passagem

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.