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Reflexões sobre histórias e clichês femininos

Amigas das antigas

Dia desses nós jantamos.  Nós quatro, as amigas das antigas. Não é que a gente fique muito tempo sem nos falar, mas a frequência vai diminuindo, é normal. Afinal a vida muda e, com certo tempero de nostalgia, encontrar amigas da escola é também se reencontrar com você mesma (com tudo de bom e ruim que tem isso, é claro). Não é só você que mudou. Todas mudaram. As viagens para Camburi acabaram, dando espaço para o cotidiano pesado, outros amigos e bares, prioridades diferentes. Às vezes, olhamos uma para outra, e é como se estivéssemos diante de um E.T. O que aconteceu com a gente? Você pensa. Como aceitar que vocês não são mais uma célula única de amigas pulsando, no mesmo ritmo, o mesmo sentimento?  É aí que uma coisa muito linda acontece. Aparece uma força enorme - que parece sair lá do dedinho do pé. Um afeto que tenta se manter mesmo nos caminhos tortuosos, inexplicáveis, contraditórios. É tipo amor mesmo. Você está lá com suas amigas e nem sabe explicar porque gosta tanto delas assim. Ainda ri de algumas piadas, lembra que foi uma delas que te apresentou Advil para dor de cabeça. E foi a outra que insistiu - em um verão antiiigo - para você passar "rayito de sol" e ficar "bronzeada", antes de descascar a pele. Imprudências. Leveza.

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Por Marilia Neustein
Atualização:

Daí eu paro e penso que o reencontro - mais ou menos frequente - com a turma de amigas antigas é como uma bolha no tempo. A intimidade é tão forte que parece que o tempo não passa. São as amigas que mais conhecem você, suas paranoias, seus medos, coisas que a maturidade não cura. São as amigas que te dão menos possibilidade de mudança, é verdade. Mas compõem a rede de proteção mais profunda, junto com a família. Podem as viagens para praia mudar, pode uma casar, a outra se separar. Pode uma mudar para fora do país. Quando voltam a estar juntas, a capacidade de dividir coisas sem ter vergonha ou de expor as fraquezas é muito forte. Nesses jantares não tem Instagram que esconda sua vida real. Elas sabem. Sabem quando você está triste, quando está feliz, quando está omitindo sentimentos para parecer fortona.

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Em uma longa amizade, muita coisa muda e é normal acompanhar de perto ou de longe todos os dramas. A separação dos pais, crises profissionais, casamentos, intercâmbios, dúvidas que pareciam sem solução, filhos. Enfim. Hoje em dia, quando nos vemos, é como eu sempre imaginamos que seria. Estamos crescendo e continuamos olhando para mesa do lado - com quatro velhinhas - e pensamos: "vamos ser assim, né"? Morrendo de ciúme uma da outra, nos alfinetando (cheias de amor), torcendo pelo melhor sempre - mesmo que o melhor seja diferente para cada uma-, programando viagens juntas, lembrando das bebedeiras e sempre prometendo nos ver cada vez mais...

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