Dia desses estávamos combinando as amigas um jantar. Amigas que não se encontram sempre, que seguem com suas vidas - que têm outros amigos, grupos, trabalho e ocupações. Uma delas sugeriu que a gente se encontrasse na zona sul - perto dela. A outra falou que preferia na zona oeste- perto dela(outra). Ambas estavam cansadas do trânsito, do trabalho, do dia-a-dia. Daí o grupo fez silêncio e o encontro não aconteceu. Frustração para algumas. Alívio para outras. Sem dramas porque nos encontramos depois. Mas a história é ilustrativa de uma tendência atual. Sei que chega ser meio infantil querer manter todo mundo "do jeito que era antes" na sua vida. Mas também é triste perceber que, de repente, sucumbimos ao "não tenho tempo", ao "não tenho paciência", ao "estou cansada demais para o mundo". Amanheceu e caiu a ficha de que tudo é motivo para "não". E claro que isso não se restringe às amizades. Praticamente acontece com todas as relações.
Parece que o tempo do afeto virou o tempo da internet. Sabe essas campanhas de hashtags que você começa achando o máximo e, em menos de 24 horas, chega a conclusão que é uma bobagem? As relações parecem viver esse clima. As pessoas deixam de alimentar os vínculos. Ora, uma relação afetiva ( de amizade, familiar ou amorosa) demanda esforço. Quem ama sabe disso. É preciso ceder, sair da zona de conforto e, muitas vezes, fazer coisas que você não gostaria, simplesmente porque é importante. Não para você - que preferia ficar em casa assistindo Netflix a ter que ir no churras de aniversário do namorado da sua amiga. Mas é importante para o outro. E essa troca é vital. É essencial que a gente não entre em uma "bolha" do "só faço o que é importante para mim". Essa é uma das confusões mais frequentes da atualidade. As pessoas acham que se preservar é o mesmo que só fazer o que quer. Entretanto,só fazer o que quer... pode ser mimo. E não queremos viver em uma sociedade de mimados que não sabem mais se relacionar, não é mesmo?
Por isso, esse fim de ano pode ser o tempo de repensar os vínculos e quem levar para um 2016 menos egoísta e mais coletivo. É utópico, mas não é o fim dos tempos e ainda existem amigos para brindar.