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Retratos e relatos do cotidiano

Por que você vai sair com esse cara?

Quais os motivos que nos fazem evitar até a morte ou querer mais do que tudo aquele convite para um chopp?

Por Ruth Manus
Atualização:

 

Um dia um amigo me perguntou "escuta, mas por que você vai sair com esse cara?" e eu respondi "ué? precisa ter razão pra isso?" e ele retrucou "precisar não precisa... Mas se você parar pra pensar, sempre tem uma razão."

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E comecei a pensar nisso.

"Sempre tem uma razão."

Acho que tem mesmo. Deve ser por isso que aceitamos alguns convites de cara, outros depois de alguma insistência, outros nem que a vaca tussa.Talvez por isso, às vezes, a novela que a gente nem assiste seja uma bela desculpa pra não sair e outras vezes seja tão fácil sair às 23hs, sabendo que no dia seguinte nos levantamos às 6hs.

Mas sabemos que a explicação para sair ou não sair com uma pessoa não é muito simples nem muito racional. Sair, simplesmente sair. Sem perspectivas, sem contratos, sem promessas. Por que às vezes sim? Por que às vezes não?

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Sempre haverá um espírito de porco para dizer que a mulher só vai aceitar o convite se ele for bonitão, ou bem sucedido, ou endinheirado. Ou tudo isso. De fato há algumas mulheres que colocam o foco nisso. Assim como há homens que buscam peitos, bundas e roupas de marca. Sem problemas, tomara que eles se encontrem, tomem bons drinks e sejam felizes.

Mas a imensa maioria das mulheres (e dos homens também, penso eu) busca algo além disso. Não digo "mais do que isso". Mas algum diferencial que dê mais sentido a todo esse contexto.

E, desde então, comecei a infernizar minhas amigas com essa pergunta. Sem nenhuma intenção de análise, mas por mera curiosidade de saber quais as razões que as fazem topar ou não um jantar, um chopp, um café ou uma caminhada no parque.

E então, eis o que ouvi delas, sem filtros, depois de perguntar "por que você vai sair com esse cara?":

*Porque ele é engraçado. É leve. Porque sei que se sair com ele vou esquecer um pouco os problemas e o trabalho e voltar renovada. E porque ele manda aquela carinha do capeta no whatsapp.

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*Acho que é porque ele repara na minha mão. Ele não fala nada, mas sei que ele vê que eu troquei de esmalte ou tô com um anel que ele nunca viu. E tenho a sensação de que se ele repara na minha mão, ele se importa.

*Porque ele cuida da mãe que está doente. E fala nela com um amor que chega até a doer.

*Vou sair com ele porque ele me ouve. E ouve com o maior prazer e o maior interesse. Pergunta coisas sobre mim que eu nunca cogitei pensar. E eu me sinto mega importante por alguns minutos.

*Porque ele é gato. Só isso. O resto é uma porcaria.

*Porque apesar de ser advogado tributarista, ele tem 9 tatuagens.

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*Porque ele come pra caramba! Porque ele sempre vai querer ir em algum lugar gordo que eu tenho culpa de ir sozinha e vai me incentivar a pedir um sanduiche com bacon e cheddar.

*Porque eu admiro esse cara. Ele criou uma empresa do zero. Batalhou cada dia e cada centavo, apertou os cintos e trabalhou de sol a sol. E é bonito de ver ele falar com amor e orgulho sobre o que faz.

*Porque ele fala bonito. Até pedindo outro chopp parece que ele tá declamando Vinícius.

*Porque ele brinca com a sobrinha nas tardes de sábado. Ele seria um pai incrível.

*Sei lá. Ele é feio. E não tem um emprego muito bom, nem fez pós. Mas ele tem um borogodó... Um charme, não sei...  Dá aquele friozinho na barriga quando ele liga. Gosto dele, eu acho.

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*Porque ele me lembra o Daniel Boaventura.

*Porque ele foi mandado embora do emprego, que nem eu. E a gente ri disso tudo juntos.

*Porque no primeiro encontro eu levei um tombo de calça branca e mesmo assim ele me chamou pra sair de novo.

No fim das contas, acho que não tem muita explicação, nem muito sentido. E acho que não tem que ter mesmo.

Mas o fato é que todo mundo sempre tem algo incrível aos olhos de quem vê, simples assim. Não tem desculpa: a gente sempre é interessante para alguém, por mais porcaria que a gente possa se achar.

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Como Eduardo e Mônica, encantados pela tinta no cabelo ou pelo futebol de botão com seu avô.

"E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?

E quem irá dizer que não existe razão?"

 

 

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