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Crônicas do cotidiano

Me desculpa?

Por qualquer coisa

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Por Ricardo Chapola
Atualização:
 Foto: Estadão

Ilustração: Lucas Tonon

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Desculpa, desculpa mesmo. Não foi aquilo que quis dizer. Você entendeu errado. Ou não: entendeu certo. Falei bobagem, sabe como é. Desculpa de novo. Péssima mania de achar que o outro sempre é o problema - ou a raiz dele. Pode acontecer - e isso acontece com bastante frequência - de o problema ser a gente mesmo. Não é você, sou eu. Foi mal.

Desculpa também pela demora em enxergar isso. Vendo agora, percebo o quanto já brigamos pelos motivos errados. Por minha causa, não pela sua. Foram incontáveis as vezes que armei o barraco, alardeando somente as minhas razões. Supostas verdades. Diferentes das suas que, ao contrário das minhas, muitas vezes eram as verdadeiras, as autênticas verdades. Desculpa pela confusão. Só estou tentando pedir desculpas.

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Por tudo mesmo: desculpa. Sério. Até pelos momentos que deixei de pedir desculpas, sem sequer precisar. Às vezes também é necessário deixar de lado qualquer fiapo de orgulho, de amor próprio. Lembrar mais de você, menos de mim, só de mim. Tem hora que as pessoas só precisam de um apoio, da ilusão de estarem certas por pelo menos um instante, mesmo se, de fato, não estiverem. Não é mentir, nem fingir, embora aparentemente pareça. Basta um pouco de sensibilidade que geralmente não tive. Desculpa por isso também.

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Se fiz muito disso, de ficar pedindo desculpas à toa, perdão. Precisa dosar. Algumas vezes tive que ser duro, falando aquilo que certamente você não gostaria de ouvir. Sabia que ia doer, que não seria fácil para ninguém ficar nessa situação. Se a gente não for firme um com o outro, corremos o risco de viver uma vida que não existe. A vida não é uma eterna fantasia.

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Quero dizer que não vai ser raro as coisas não serem do jeito que a gente quer. Desculpa, desculpa, desculpa. Tentei muitas vezes fazer com que fossem. Mas falhei: não sei se por displicência, incompetência, ou se por impotência. Existe muita coisa que foge do nosso controle. Parece papo de gente acomodada, mas não é. Aliás, já me acomodei muito: desculpa. Na realidade, continuo tentando fazer com que seja diferente, ainda que tenha consciência que pode não dar certo. Precisa tentar. Desculpa se em algum momento deixei de tentar.

Pelas coisas pequenas também: foi mal. Péssimo, aliás.  Nada justifica te tratar mal, especialmente porque você quase sempre nunca fez nada contra mim. Então acabo fechando a cara, regulando minha boa educação a quem quer que seja. Bom dia? Com licença? Para quê? Precisamos mesmo de motivo?

Desculpa, gente, desculpa. Eu não queria ser assim. Bom dia, boa tarde, boa noite. Com licença, por favor, estou só de passagem. E desculpa qualquer coisa. Sério: desculpa mesmo.

 

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