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Males crônicos - crônicas sobre neuroses contemporâneas

Opinião|Momentos felizes (ou: quebre em caso de emergência!)

Uma lista emergencial de momentos alegres, para aliviar o peso da vida.

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Foto do author  Renato Essenfelder
Atualização:
 Foto: Estadão

 

arte: loro verz

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»Para quando estiver triste, meu caro: um martelo. Quebre aquela parede. É falsa. Desde quando está aí? Quem a ergueu? Foram vocês. Tome o martelo e encontre o velho baú, emparedado. Expire. Ora, seu tesouro sempre esteve ali!, sob camadas e camadas de gesso, cerâmica e tijolos. Esvazie a mente. Inspire. Pratique. (quem sabe isto pode te salvar):

1. Cheiro de café.

2. Mãos afundadas na areia.

3. O perfume da terra molhada.

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4. Uma lufada fresca de vento em um dia quente.

5. Um raio morno de sol em uma tarde cinzenta.

6. Comida de mãe. Ou: cozinhar - só pela vontade de.

7. Abraçar o cachorro.

8. Uma música de adolescência que começa inesperadamente.

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9. A sala vazia de um cinema sem expectativas, então: um filme muito delicado.

10. Um livro, quem sabe apenas um punhado de frases, quem sabe um poema, pluripotente.

11. Uma cortesia inesperada, uma gentileza repentina e desinteressada.

12. Os pés na arrebentação da maré.

13. O corpo inteiro submerso, impossivelmente leve, que dança silenciosamente no ventre d'água.

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14. Um horizonte alaranjado.

15. O alto da montanha, onde dorme o silêncio.

16. O céu, ridiculamente estrelado.

17. Natureza intocada, quase intocada, distante, esquecida.

18. Dirigir sem obstáculos, só, durante o alvorecer, para o alvorecer.

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19. Escrever: qualquer coisa sincera.

20. Dormir. Sonhar. Outra vida muito distante, muito diversa, sem importar suas conquistas, sem se importar com a realidade dura ou boa, sem lembrar que de fato exista uma realidade.

21. Brincar.

22. Um concerto de chorar; uma peça de pensar. Sair da sala de pernas moles, perguntando-se: será?

23. O farfalhar das árvores.

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24. A decolagem.

25. O pouso.

PS.: Por fim, lembrar que são fases, fases. Enxugar a última lágrima. Aprumar o paletó. Ouvir o primeiro pássaro da manhã. O ser humano é esse bicho, rir, o ser humano é esse bicho que se pode reinventar. Recomeçar.

 

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Opinião por Renato Essenfelder

Escritor e professor universitário, com um pé no Brasil e outro em Portugal. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP e autor de Febre (2013), As Moiras (2014) e Ninguém Mais Diz Adeus (2020). Docente e pesquisador nas áreas de storytelling e escrita criativa, escreve crônicas de cultura e comportamento no Estadão desde 2013.

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