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Cortes finos no tecido online

Plutão: cada vez mais distante da Terra

Por Sergio Kulpas
Atualização:

De repente, Plutão ficou enorme. Enorme nas telas, nas capas de jornais, nas redes sociais. O nano-planeta na borda do Sistema Solar ganhou destaque quando a sonda New Horizons chegou ao ponto mais próximo no dia 14 de julho, enviando imagens espetaculares. Mas aqui na Terra, estamos cada vez mais longe do sonho romântico da exploração espacial.

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Em seu ótimo blog, Moisés Rabinovici lamentou que no mesmo dia da chegada da New Horizons ao sistema de Plutão, o mundo ocidental assinava um acordo nuclear muito duvidoso com o Irã ("O Irã Sequestrou Plutão"). Países como os EUA e Rússia tem milhares (sim, milhares) de bombas atômicas em seus arsenais. A Guerra Fria acabou há 25 anos, mas esses arsenais continuam crescendo no mundo. Os conflitos ao redor do mundo continuam os mesmos, só com armas melhores e mais sofisticadas.

Observações de Plutão ao longo das décadas, clique na imagem para ver a animação:

 Foto: Estadão

Estamos em 2015. Tecnicamente, chegamos ao futuro, apesar da distribuição não-uniforme desse futuro no mundo. Em boa parte dos livros e filmes de ficção-científica do século 20, uma data como "2015" seria uma indicação dramática de um mundo muito diferente daquele dos anos 1950, 60, 70, etc. Utopia ou distopia pós-apocalíptica, mas não essa continuidade "mais do mesmo" que vivemos.

Os criadores dessas obras especulativas e seus milhões de fãs podiam esperar tudo, menos que o mundo futuro seria apenas incremental: aperfeiçoamentos (ou "pioramentos") de situações que existem há várias décadas. O sistema político-econômico em vigência consegue a proeza de confinar o Futuro apenas em algumas áreas VIP, enquanto mantém o Passado em contínua renovação ao redor do mundo. Talvez seja uma definição concreta de conservadorismo: tudo fica sempre igual (por tudo, entenda-se o complexo político-econômico) e todas as mudanças que vemos são apenas cosméticas. São como mudanças de estilo e design nas passarelas, novos modelos de antigos aparelhos, novos hábitos e costumes. Apenas incrementos em relação à geração anterior, sem tocar na estrutura que os gera e destrói.

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Como disse um cínico, o futuro é um mito criado pelas companhias de seguros.

 

Imagens do sobrevoo da New Horizons sobre Plutão, mostrando as montanhas e planícies mais distantes do sistema solar:

P.S.: Há exatos 46 anos, os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins pisavam na Lua.

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(Ilustração: Cleido Vasconcelos)

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