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Cada história é única

Bobinho, ciumento, caçapa ou tomate?

A gente cresce e não se esquece de coisas que marcaram a nossa infância e, principalmente, a adolescência. O que tem de crueldade nessa fase da vida não é brincadeira.

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Por Priscilla de Paula
Atualização:

 

Posso dizer que dei sorte. Mas estou me lembrando de uma colega que ganhou o apelido de "Tomate". A origem veio de uma doida que aparecia de vez em quando na porta da nossa escola, lá em BH, e jogava tomate nas pessoas. Sinceramente, morria de dó das duas.

 

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Quem cria o apelido até pode achar engraçado. Mas a verdade é que a motivação costuma ser o ponto fraco do outro. Se incomodar, então, aí é que gruda! Tem gente que cresce na sombra de um apelido e, quando vê, a pessoa já tá se apresentando daquele jeito: "Oi, eu sou o Caçapa!" CA-ÇA-PA? Já ouvi isso!

 

Uma amiga me contou que, até outro dia, o irmão dela, que já passou dos 30, era chamado de "dançado" pelos amigos. Suportou anos a fio, até que se enfezou. Acho que demorou pra turma entender!

 

Mas tem um outro negócio que tem um efeito parecido com o dos apelidos. São os adjetivos que a gente dá, muitas vezes sem pensar nas consequências, e que podem marcar quem  ganha pro resto da vida. Quer ver alguns?! Dentuça, preguiçoso, brava, bobinho, gulosa, gordinho...

 

E o pior: às vezes, eles surgem dentro da nossa casa. Um exemplo, bem comum até: nasce o segundo filho e o primeiro fica mal. Regride, chora, apronta. Tem uns que, por causa do sofrimento, até atacam o bebezinho. A gente enlouquece, claro. E pronto! Em dois palitinhos a criança já vira a "ciumenta". Se o ciúmenão alivia, ela corre o risco de ouvir isso durante anos.

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Pai, mãe e família, de uma forma geral, não fazem por mal. Mas esse tipo de coisa gruda mais que chiclete! Nós adultos, na verdade, deveríamos buscar ajuda pra quem tá com alguma dificuldade e não consegue superá-la.

 

A verdade é que, pra tudo isso, do apelido maldoso ao adjetivo inocente, a consequência é parecida: quando você cresce com um rótulo é muito difícil se livrar dele. Porque até os bons a gente costuma dar duro pra honrar. Pense aí se também não foi assim com você.

 

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